Rota da viagem de Bartomoleu Dias (1487-88)
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Bartolomeu Dias (c. 1450 - 1500) foi um navegador português que ficou célebre por ter sido o primeiro europeu a navegar para além do extremo sul de África, «dobrando» o Cabo da Boa Esperança e chegando ao oceano Índico a partir do Atlântico.
Jaz aqui, na pequena praia extrema,
O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,
O mar é o mesmo: já ningém o tema!
Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.
(Fernando Pessoa, «epitáfio de Bartolomeu Dias», in Mensagem)
(Deana Barroqueiro)
Dele, que possuía origens judaicas, não se conhecem os antepassados, mas mercês e armas a ele outorgadas passaram a seus descendentes. Seu irmão foi Diogo Dias. Há quem o diga descendente de Dinis Dias escudeiro de D. João I e como navegador descobrira Cabo Verde em 1445. Ignora-se onde e quando nasceu, no entanto alguns historiadores sustentam ter ele nascido em Mirandela, Trás-os-Montes.
Na sua juventude terá frequentado as aulas de Matemática e Astronomia na Universidade de Lisboa e serviu na fortaleza de São Jorge da Mina. Estava habilitado quer a determinar as coordenadas de um local, quer a enfrentar tempestades e calmarias como as do Golfo da Guiné.
Estátua de Bartolomeu Dias na Cidade do Cabo
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Em 1486, D. João II confiou-lhe o comando de duas caravelas e de uma naveta de mantimentos com o intuito público de saber notícias do Preste João. Ao comando da caravela S. Pantaleão estava João Infante. O propósito não declarado da expedição seria investigar a verdadeira extensão para Sul das costas do continente africano, de forma a avaliar a possibilidade de um caminho marítimo para a Índia. Porém antes disso, capitaneara um navio na expedição de Diogo de Azambuja ao Golfo da Guiné.
Segundo as palavras de Deana Barroqueiro: «Bartolomeu Dias aparece-nos como um comamdante a quem não é atribuído o justo valor e como um homem que caminha para a morte triste e amargurado, sem saudades do passado, mas orgulhoso do que fez e capaz de reconstituir passo a passo a viagem que o tornou o primeiro português a ultrapassar o Cabo e a abrir o caminho para o grande desígnio de D. João II». «Vivendo sob a égide de três reis, em tempo de grandes perturbações políticas e sociais, mas também de intensa efervescência cultural e científica, Bartolomeu Dias foi espectador, agente e por vezes peão nos lances mortais dos perigosos jogos de poder...». «Entregara-se de corpo e alma à empresa, porém o Venturoso, em favorecimento dos seus validos, acabara por lhe negar a honra que lhe pertencia por direito próprio, concedendo-a a Vasco da Gama. Mas atropelos e injustiças...». Como dissera um poeta:
Faz o tempo outra volta:
tornam-se boas vontades
maus desejos,
honram mais quem mais se solta,
e em todalas verdades
catam pejos.
Marinheiro experiente, o primeiro a chegar ao Cabo das Tormentas, como o batizou em 1488, um dos mais importantes acontecimentos da história das navegações. A expedição partiu de Lisboa em Agosto de 1487. Em Dezembro atingiu a costa da actual Namíbia, o ponto mais a sul cartografado pela expedição de Diogo Cão. Continuando para sul, descobriu primeiro a Angra dos Ilhéus, sendo assaltado, em seguida, por um violento temporal. Treze dias depois, procurou a costa, encontrando apenas o mar. Aproveitando os ventos vindos da Antárctica, que sopram vigorosamente no Atlântico Sul, navegou para nordeste, redescobrindo a costa, que aí já tinha a orientação este-oeste e norte (já para leste do Cabo da Boa Esperança, que foi renomeado pelo rei português D. João II, assegurando a esperança de se chegar à Índia. Continuou para leste, cartografando diversas baias da costa da actual África do Sul (úteis no futuro como portos naturais), e chegando até à baía de Algoa (800 km a leste do cabo da Boa Esperança), então conhecido como Cabo das Tormentas.
Bartolomeu Dias foi o primeiro navegador a navegar longe da costa no Atlântico Sul. A sua viagem, continuada por Vasco da Gama, abriu o caminho maritimo para a Índia.
Seria em 1500 o principal navegador da esquadra de Pedro Álvares Cabral. A carta de Pero Vaz de Caminha faz diversas referências a ele, apontando para a confiança total que nele tinha Cabral. Quando a armada navegava em direção ao Cabo, após sua estada no Brasil, um forte temporal causou o naufrágio de quatro naus, entre elas a de Bartolomeu Dias.
«... com a sua espantosa façanha, ultrapassou a dimensão de português e fez-se História de outras nações como a África do Sul onde, com direito a estátua e museu, goza de estatuto de herói primordial...». In Navegador da Passagem.
Wikipédia/Deana Barroqueiro/Porto Editora/JDACT
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