Cortesia de votdesfranciscodeguimarães
Com a devida vénia a Belmiro Jordão.
Igreja de S. Francisco de Guimarães.
«A construção primitiva feita em estilo gótico no lugar onde existiu, segundo a tradição e os documentos que a tal aludem, o Conventinho de S. Francisco-o-Velho, fundado em l216 por S. Gualter, discípulo e enviado por S. Francisco de Assis à Vila de Guimarães, data da primeira metade do séc. XV. Foi autorizada por carta de D. João I, datada em Braga a 3 de Novembro de 1400.
Desta construção, hoje, quase que só existe o pórtico da fachada, o arco do coro, o tecto da capela-mor e a abside, que estando, no interior tapada pelo retábulo-mor, deve ser vista no exterior da igreja. Os janelões, da capela-mor e do transepto, foram restaurados recentemente segundo a antiga traça, conservando ainda muito do primitivo.
Igreja de S. Francisco de Guimarães, séc. XV
Cortesia de votdesfranciscodeguimarães
A maior parte das obras que existem nesta igreja são do séc. XVII e XVIII, mas sobretudo deste último, sendo dignos de destaque o retábulo-mor, barroco joanino (D. João V) e os azulejos, com passos da vida de S. António, que forram a capela-mor. A imagem de S. Francisco que se vê num dos altares laterais, também barroco joanino, é obra do séc. XIX, feita pelo artista italiano Berardi.
No transepto, pode-se ver de um lado, uma estátua de N. S. das Dores, da autoria de Soares dos Reis, e por baixo desta o relicário de S. Gualter, patrono de Guimarães, encontrando-se dentro do mesmo os ossos do Santo, e do outro uma pintura em madeira, do séc. XVI, representando Cristo preso à coluna.
Relicário de S. Gualter onde estavam ocultos os ossos do patrono de Guimarães, séc. XIX.
Cortesia de ordemsaofrancisco
Por baixo desta pintura, está um pequeno compartimento representando a cela episcopal do franciscano S. Boaventura. Na antecâmara da sacristia pode-se ver um retábulo, do séc. XVII, dedicado a S. Francisco e aos Santos Mártires de Marrocos, cujo doirado e estofado, está a par do melhor que existe no género em Portugal. A sacristia, do séc. XVII, é uma das mais belas e ricas do nosso país.
Ao centro tem uma mesa de mármore, com embutidos coloridos,em estilo renascença italiana, como se vêm em muitas obras de Florença. O tecto é em caixotões de cores vivas, com pintura e doirados de origem. Sobre um arcaz de pau-santo com magníficas ferragens, está um retábulo com pinturas e talha do séc. XVII.
Nesta sacristia, guardam-se peças de grande valor artístico, sendo dignos de destaque os paramentos litúrgicos bordados a matiz, sobretudo um, indo-português, do séc. XVII. Da antecâmara da sacristia, passa-se para o piso superior do claustro do antigo convento franciscano. Este claustro, em estilo renascentista clássico é do séc. XVI. As colunas, monolíticas, são de carácter toscano. O chafariz, que se ergue ao centro é do séc. XVII. No piso térreo do claustro, pode-se ver, do lado sul, a antiga sala do capítulo, com portada e janelões do séc. XV coevos portanto da primitiva igreja.
Cortesia de votdesfranciscoguimaraes
Na casa capitular funcionou durante muito tempo e desde o séc. XVI, a capela tumular da família 'dos Carvalhos, com pinturas a fresco de grande valor das quais hoje apenas existe, cuidadosamente restaurada, a que representa a degolação de S. João Baptista. Encontra-se depositada no Museu de Alberto Sampaio, continuando a ser pertença da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco.
Fora da igreja e no jardim que lhe fica defronte, ergue-se um cruzeiro cuja cruz é da época da primitiva igreja de S. Francisco e portanto em estilo gótico, do séc. XV. A capela dos Terceiros de S. Francisco, que se vê em frente da antiga igreja conventual é do séc. XVIII, em estilo barroco italianizado. No interior, existe uma imagem do Coração de Maria feita pelo escultor italiano Berardi de 1882». In Belmiro Jordão, Igreja de S. Francisco de Guimarães, V. O. T. de S. Francisco, 2011.
Cortesia de VOT de S. Francisco/JDACT