quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

O Legado dos Templários. Steve Berry. «Vim visitar o Sr. Malone. Há mais de um ano que não o via. Foi esse o único motivo que a trouxe cá? É melhor esperarmos pelo parecer do Ministério do Interior»

 

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Abbaye des Fontaines. Pirinéus Franceses. Roskilde

«(…) Fitou um dos homens que permanecera no leilão e perguntou-lhe: Conseguiste saber quem arrematou o livro? O homem assentiu. Tive de dar mil coroas ao empregado pela informação. De Roquefort não estava interessado no preço da fraqueza. O nome? Henrik Thorvaldsen. O telemóvel no seu bolso vibrou. O seu segundo comandante sabia que ele estava ocupado, por isso devia ser importante. Atendeu a chamada. Já não falta muito, disse a voz ao telefone. Quanto tempo? Nas próximas horas. Um bónus inesperado. Tenho uma tarefa para ti, afirmou De Roquefort para a pessoa ao telefone. Há um homem, Henrik Thorvaldsen, um dinamarquês endinheirado que vive a norte de Copenhaga. Sei algumas coisas sobre ele, mas preciso da informação completa daqui a uma hora. Telefona-me quando tiveres tudo. Desligou o telefone e encarou os seus subordinados. Temos de regressar, mas ainda há duas tarefas que precisamos de completar antes de amanhecer.

Malone e Stephanie Nelle foram transportados para uma esquadra da Polícia nos arredores de Roskilde. Nenhum deles abriu a boca no caminho, pois sabiam ambos o suficiente para estarem calados. Estava convencido que a visita da sua antiga chefe à Dinamarca nada tinha a ver com o grupo que liderava. Ela nunca trabalhara no terreno, era o vértice do triângulo e toda a gente em Atlanta lhe prestava contas. Para além disso, quando na semana passada ela lhe telefonara e dissera que gostava de o ver, deixara bem claro que se deslocava à Europa de férias. Grandes férias, pensou ele quando os deixaram sozinhos numa sala bem iluminada, mas sem janelas. Ah, acabei por não lhe dizer mas estava-se muito bem na esplanada do Café Nikolaj, comentou Malone. Tive de beber o seu café. Claro que isso foi antes de ter perseguido um homem até ao topo da Torre Redonda e tê-lo visto saltar lá de cima. Ela não disse nada. Também reparei que apanhou a mala do chão. Por acaso não viu o cadáver mesmo ao lado, não? Pois, não deve ter reparado, afinal estava com pressa. Já chega, Cotton, ripostou ela num tom que lhe era familiar. Já não trabalho para si. Então porque veio atrás de mim? Interrogava-me sobre isso mesmo na catedral, mas as balas desconcentraram-me. Antes que conseguisse responder-lhe, a porta abriu-se e entrou um homem alto de cabelo ruivo e olhos castanhos. Era o inspector da Polícia de Roskilde que os acompanhara desde a catedral e segurava a Beretta de Malone.

Fiz a chamada que me pediu, disse o inspector para Stephanie. A Embaixada dos Estados Unidos confirma a sua identidade e ligação ao Departamento de Justiça. Estou à espera de instruções do nosso Ministério do Interior sobre o que fazer consigo. Voltou-se para Malone. O senhor é outro assunto. Está na Dinamarca com um visto temporário de residência como comerciante. Mostrou-lhe a arma. As nossas leis não permitem o porte de armas e muito menos dispará-las no interior das catedrais, e estamos a falar de uma que é Património da Humanidade. Só gosto de quebrar as leis mais importantes, argumentou ele, mostrando ao inspector que não se sentia amedrontado pelas suas palavras. Também aprecio o humor, Sr. Malone. Todavia, isto é um assunto da maior seriedade. Não para mim, mas para si. As testemunhas referiram que havia outros três homens armados e que foram eles que começaram o tiroteio?

Temos descrições. Mas é pouco provável que ainda estejam por perto. O senhor, no entanto, está aqui. Inspector, interrompeu Stephanie, toda aquela situação foi culpa minha e não do Sr. Malone. Lançou-lhe um olhar. Ele trabalhou em tempos para mim e pensei que pudesse necessitar da sua ajuda. Está a dizer-me que o tiroteio nunca teria acontecido se não fosse a interferência do Sr. Malone? Não. Estou apenas a dizer que as coisas se descontrolaram, mas não foi responsabilidade dele. O inspector considerou o que acabara de ouvir com alguma apreensão. Malone interrogou-se sobre o que estaria Stephanie a fazer. Mentir não era o seu forte, mas decidiu não a contradizer frente ao inspector. Estava na catedral em missão oficial?, perguntou-lhe o polícia. Isso não posso revelar. Creio que compreende. O seu trabalho envolve actividades sobre as quais não pode falar? Pensei que fosse advogada. E sou. No entanto, a minha unidade está frequentemente envolvida em investigações ligadas à segurança nacional. Na verdade, é por essa razão que existimos. O inspector não pareceu impressionado. O que veio fazer à Dinamarca, Sra. Nelle? Vim visitar o Sr. Malone. Há mais de um ano que não o via. Foi esse o único motivo que a trouxe cá? É melhor esperarmos pelo parecer do Ministério do Interior. Foi um milagre ninguém se ter magoado naquela confusão. Houve estragos em alguns monumentos sagrados, mas nenhum ferido. Eu acertei num dos atacantes, revelou Malone». In Steve Berry, O Legado dos Templários, 2006, Publicações dom Quixote, 2007, ISBN 978-972-203-808-9.

Cortesia PdomQuixote/JDACT

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