quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Steve Berry. O Legado dos Templários. «A rua pedonal mesmo em frente estava agora deserta, pois a maior parte dos cafés e restaurantes ficava a quarteirões de distância. O comércio daquela parte da Ströget fechava à noite»

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Abbaye des Fontaines. Pirinéus Franceses. Roskilde

«(…) Se isso aconteceu, ele não sangrou. Isso significava que estavam a usar coletes à prova de bala. O grupo viera preparado, mas para o quê? Quanto tempo mais planeia ficar na Dinamarca?, interrogou o inspector. Amanhã já cá não estarei, respondeu Stephanie. A porta abriu-se e um homem fardado entregou uma folha de papel ao inspector. Este leu o seu conteúdo e depois disse: Parece que a senhora tem amigos muito poderosos. Os meus superiores dizem-me que devo soltá-la e não fazer perguntas. Stephanie dirigiu-se para a porta. Malone levantou-se. Estou incluído nessa ordem? Sim, também pode ir. Esticou a mão para levar a arma, mas o inspector não permitiu. No papel não há nada que diga que tenho de lhe devolver a Beretta. Decidiu não discutir. Trataria desse assunto mais tarde. O mais importante agora era falar com Stephanie. Saiu a correr e encontrou-a lá fora. Ela fitou-o com uma expressão séria.

Cotton, agradeço muito o que fez na catedral, mas escute bem o que lhe vou dizer. Não se meta nos meus assuntos. Não sabe o que está a fazer. Na catedral meteu-se numa situação perigosa sem estar sequer preparada para ela. Aqueles três homens queriam matá-la. Tiveram muitas oportunidades para o fazer, antes de você aparecer, e não o fizeram. Porquê? Isso levanta ainda mais questões. Não tem que fazer na sua livraria? Até tenho muito. Então dedique-se a essa tarefa. Quando se reformou o ano passado, deixou bem claro que estava farto de ser alvo de balas. Também me disse que o seu patrono dinamarquês lhe oferecia a possibilidade de ter a vida com que sempre sonhara. Pois então, aproveite-a. Foi a Stephanie quem me ligou a convidar para um café. E já vi que foi uma péssima ideia. Aquele homem não era nenhum ladrão de carteiras. Não se meta nisto. Salvei-lhe a vida, está em dívida para comigo. Ninguém lhe disse para o fazer. Stephanie...

Raios, Cotton, não volto a repetir. Se insistir terei de tomar atitudes drásticas. Começava a ficar irritado. Ai sim? E o que planeia fazer? O seu amigo dinamarquês não é o único com influência. Eu também posso mexer uns quantos cordelinhos. Faça isso!, ripostou, furioso. Stephanie não respondeu. Em vez disso, virou costas e afastou-se. A sua vontade era ir atrás dela e terminar o que tinham começado, mas decidiu que ela tinha razão. Não era assunto dele e já fizera estragos suficientes para uma noite. Estava na hora de ir para casa.

Copenhaga

De Roquefort aproximou-se da livraria. A rua pedonal mesmo em frente estava agora deserta, pois a maior parte dos cafés e restaurantes ficava a quarteirões de distância. O comércio daquela parte da Ströget fechava à noite. Assim que tratasse das duas últimas tarefas, deixaria a Dinamarca. Por certo as testemunhas da catedral já os tinham descrito à Polícia, por isso era importante que não se demorassem mais do que o necessário. Trouxera consigo de Roskilde quatro dos seus subordinados e planeava supervisionar cada detalhe das suas acções. Já houvera demasiada improvisação para um dia só e parte dela custara a vida de um dos seus homens na Torre Redonda. Não pretendia perder mais nenhum. Dois deles estavam já a inspeccionar as traseiras da livraria e os outros dois permaneciam a seu lado. Havia luz no primeiro andar do edifício. Ainda bem. Ele e o dono precisavam de ter uma conversa. Malone tirou uma Pepsi do frigorífico e desceu quatro lanços de escadas até ao rés-do-chão. A sua loja ocupava todo o edifício. O rés-do-chão era para os livros e os clientes, os outros dois serviam de armazém e o último era um pequeno apartamento ao qual chamava casa. Acostumara-se ao espaço exíguo e apreciava-o bem mais do que a casa enorme na qual vivera em Atlanta. A sua venda, no ano anterior, por cerca de trezentos mil dólares, dera-lhe um rendimento de sessenta mil dólares para investir na sua nova vida, que lhe fora oferecida, como Stephanie referira, pelo seu benfeitor dinamarquês, um homenzito estranho chamado Henrik Thorvaldsen». In Steve Berry, O Legado dos Templários, 2006, Publicações dom Quixote, 2007, ISBN 978-972-203-808-9.

Cortesia PdomQuixote/JDACT

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