Com a devida vénia ao Doutor José Carlos Gimenez
De Infanta Aragonesa a Rainha a Rainha de Portugal
«(…) António Vasconcelos também
aceita a data de 1270, porém esse autor não indica o dia e o mês do nascimento
da Rainha Isabel. Já José Agostinho, Le Brun e Simas Alves Azevedo afirmam que
a rainha Santa Isabel nasceu no ano de 1271. Na ausência de um documento oficial
que determine categoricamente a data do nascimento da Rainha Isabel, os estudos
contemporâneos oscilam entre 1269 e 1271, ou seja, adoptam uma data aproximada
com base nos cálculos aplicados para identificar a época exacta em que o texto
anónimo Livro que fala da boa vida
que fez a raynha de Portugal, dona Isabel, e dos seus bõos feitos e milagres em
sa vida e depoys da morte havia sido escrito. Nesse
documento, a data do nascimento da infanta está registada desta maneira:
E, quando esta rainha dona Isabel naceo, andava a era de Cesar em mil e
III e nove anos, e, porque a madre delrey D. Pedro fora filha delrey d’Onglia e
fora irmãa de Santa Isabel (tia da Rainha Isabel de Portugal canonizada
no ano de 1235, pelo Papa Gregório IX)
foy posto a esta rainha de Portugal nome de Isabel. E em tempo que ela naceo
avia grande descordia antre elrey D. James e o ifante D. Pedro, seu filho,
padre desta Dona Isabel, em tanto que elrey nom queria veer seu filho D. Pedro,
nem alguu de seus filhos, pero que, em vivendo elrey D. James, eram já todos os
que ouve nados, e escolheo esta Dona Isabel, e criava-a e amava-a muito,
dizendo por vezes dela, que sa criada e neta avia de seer a melhor molher que
saira da casa de Aragom; e foy em aquel tempo aviido do ifante D. Pedro com
elrey D. James, seu padre.
Apesar das controvérsias quanto à
data do nascimento da Infanta Isabel, é possível afirmar que, quando ela
nasceu, o trono aragonês era ocupado por seu avô paterno Jaime I, o
Conquistador (1213-1276), esposo de Violante da Hungria. Isabel era filha do
Infante Pedro, herdeiro do trono aragonês, futuro Pedro III, o Grande
(1276-1285) e de Constança Hohenstaufen, filha de Manfredo, rei da Sicília e de
Nápoles. Nascido em Valência, no ano de 1240, o pai da Infanta Isabel foi o primeiro
filho de Jaime I e de sua segunda esposa, Violante. Com a morte da mãe, no ano
de 1251, a formação do Infante Pedro ficou sob a responsabilidade de nobres
catalãs, o que lhe proporcionou uma educação literária trovadoresca e, principalmente,
político-militar. Tal educação lhe valeu a confiança por parte do rei Jaime I,
ao nomeá-lo, em 1257, como Procurador Geral do principado da Catalunha. Com a
morte de Afonso, em 1262, único filho que Jaime I havia tido com sua primeira
esposa, Leonor de Castela, o Infante Pedro III, transformou-se no único herdeiro
do trono do Reino de Aragão, Valência e do Condado de Barcelona, excepto Maiorca
e a Sardenha que ficou para o seu irmão menor, Jaime, futuro Jaime II de Maiorca.
Ao morrer Jaime I, em 1276, Pedro
III já contava com 30 anos de idade e muita experiência na política e na
guerra, pois como Príncipe da Catalunha havia realizado importantes contactos
com seu cunhado Alfonso X (1252-1284) de Castela, Felipe III (1270-1285) da
França, viúvo da irmã Isabel e com os muçulmanos, que ocupavam diferentes
posições geográficas no mediterrâneo. A rainha teve cinco irmãos legítimos:
Afonso III (1285-1291), sucessor de Pedro III; Jaime II (1291-1327), rei da
Sicília e, depois, de Aragão, após a morte de Afonso III; Fradique ou Frederico
III (1295-1337), também rei da Sicília, Pedro, que morreu sem descendentes e
Violante, que se casou com Roberto, rei de Nápoles.
In José Carlos Gimenez, A Rainha Isabel nas Estratégias Políticas da Península Ibérica 1280-1336, Teses de Doutoramento, UF do Paraná, Ciências Humanas, 2005.
Cortesia de UFParaná/CHumanas/JDACT
JDACT, José Carlos Gimenez, Caso de Estudo, Península Ibérica, Rainha Isabel,