domingo, 8 de janeiro de 2023

O Segredo da Descoberta Portuguesa das Américas. José Gomes Ferreira. «O Padrão Real representava o mais perfeito estado da arte dos mapas do mundo na época e era zelosamente mantido longe dos olhares de estranhos…»

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«(…) O Padrão Real tinha sido concebido como a matriz mais actual do mapa-mundi então conhecido e era permanentemente actualizado com novas informações trazidas pelos navegadores, pilotos e cosmógrafos portugueses, ou estrangeiros ao serviço do rei de Portugal (bem como informações ou mapas completos obtidos de outros povos com quem os portugueses contactavam por via diplomática, comercial ou militar).

As mais recentes peças com informação sobre novas terras, rios, baías, ilhas, ilhéus, cabos, promontórios, recifes, bancos de coral e outros perigos submersos quase à superfície (abrolhos ou, em bom português, abre bem os olhos para o perigo), costumavam chegar a Lisboa sob a forma de portulanos, cartas de marear ou navegar desenhadas em pergaminhos. Esses desenhos eram rigorosamente analisados e verificados e, depois de considerados correctos, eram imediatamente copiados para o Padrão Real para o actualizar.

O Padrão Real representava o mais perfeito estado da arte dos mapas do mundo na época e era zelosamente mantido longe dos olhares de estranhos e sobretudo dos mais directos competidores dos portugueses nos mares do Atlântico, os castelhanos. Os dois primeiros documentos referidos, o mapa de Henricus Martellus, de 1490-1491, e o globo de Martim Behaim, de 1490, são provas directas da descoberta da América antes daquela data, com a chegada dos portugueses à península da Florida. Esta descoberta é poucos anos depois claramente confirmada no mapa de Cantino de 1501-1502, baseado no referido Padrão Real.

Os três documentos, considerados ainda em conjunto com o chamado mapa de Colombo, de l490,constituem um grupo de provas irrefutáveis de que os navegadores portugueses descobriram de facto a América Central e do Norte no século XV antes de 1490 e antes de qualquer outro povo europeu no início da época moderna. Todos sabemos que os povos vikings já tinham chegado à terra firme da América do Norte nos séculos X e XI. Para melhor compreendermos esta tese, começamos por convidar os nossos leirores a olhar em pormenor para o primeiro mapa-múndi moderno, de Henricus Martellus, de 1490-1491. Como dissemos, este mapa segue-se a outro do mesmo autor, feito em 1489, mas com uma actualização referente às últimas descobertas dos portugueses no Atlântico Ocidental, nomeadamente várias ilhas, e no Atlântico Sul, ao longo da costa de África, incluindo a recente descoberta do cabo da Boa Esperança». In José Gomes Ferreira, O Segredo da Descoberta Portuguesa das Américas, Oficina do Livro, chancela LrYa, 2022, ISBN 978-989-661-557-4.

Cortesia de OdoLivro/JDACT

JDACT, José Gomes Ferreira, História, Conhecimento, Caso de Estudo, Literatura,