quarta-feira, 31 de março de 2010

Maria Helena Vieira da Silva: A pintura aliada ao espaço e à profundidade



Maria Helena Vieira da Silva foi uma pintora portuguesa, naturalizada francesa em 1956.
Despertou cedo para a pintura. Aos onze anos ingressou na Academia de Belas-Artes, em Lisboa, onde estudou desenho e pintura. Motivada também pela escultura, estudou Anatomia na Faculdade de Medicina de Lisboa.
(1908-1992)
Escultura de Francisco Simões, de 1995
Em 1928 foi residir para Paris, onde estudou com Fernand Léger, e trabalhou com Henri de Waroquier (1881-1970) e Charles Dufresne. Em Paris conheceu seu futuro marido, o também pintor Árpád Szenes, húngaro, com quem se casou em 1930.
Devido ao facto de seu marido ser judeu e de ela ter perdido a nacionalidade portuguesa, eram oficialmente apátridas. Então, o casal decidiu residir por um longo tempo no Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial e no período pós-guerra. No Brasil, entraram em contato com importantes artistas locais, como Carlos Scliar e Djanira. Ambos exerceram grande influência na arte brasileira, especialmente entre os modernistas.
Vieira da Silva foi autora de uma série de ilustrações para crianças que constituem uma surpresa no conjunto da sua obra. Kô et Kô, les deux esquimaux, é o título de uma história para crianças inventada por ela em 1933. Não se sentindo capaz de a escrever, a pintora entregou essa tarefa ao seu amigo Pierre Guéguen e assumiu o papel de ilustradora, executando uma série de guaches.

A partir de 1948 o Estado Francês começa a adquirir as suas pinturas e em 1956 tanto ela como o marido obtêm a nacionalidade francesa. Em 1960 o Governo Francês atribui-lhe uma primeira condecoração, em 1966 é a primeira mulher a receber o Grand Prix National des Arts e em 1979 torna-se cavaleira da Legião de Honra francesa.
Pintora de temas essencialmente urbanos, a sua pintura revela, desde muito cedo, uma preocupação com o espaço e a profundidade. Influenciada pela obra de Cézanne Vieira da Silva bebeu do abstraccionismo e do cubismo para criar o seu próprio estilo e retratar sobretudo coisas triviais mas essenciais como objectos do quotidiano, cidades e viagens. A pintora que dedicou a vida à arte, e que em Portugal só depois da democracia começou a ser mais (ou menos) divulgada, viu ser-lhe concedida  a mais alta condecoração, não militar, portuguesa – a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada, em 1977.
Para honrar a memória do casal de pintores, foi fundada em Portugal a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, sediada em Lisboa.
Em 1983, o Metropolitano de Lisboa propõe-lhe a decoração da estação da Cidade Universitária, a obra Le métro (1940) é reproduzida em azulejos com a colaboração do pintor Manuel Cargaleiro.


circuloarturbual/JDACT

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