quinta-feira, 11 de março de 2010

Sófocles: Antígona

"Há quase dois mil e quinhentos anos, escreviam-se na Grécia belos poemas. "(...) Antígona é o título dum desses dramas. O tema do drama é a história de um ser humano que, sozinho, sem nenhum apoio, se opõe ao seu próprio país, às leis do seu país, ao chefe do Estado, e que naturalmente é morto de seguida." (Simone Weil in "A Fonte Grega", tradução de Filipe Jarro).
Antígona vem a ser uma tragédia grega que nos mostra como duas opiniões opostas podem estar certas dependendo da maneira como é analisada. Desgraças irreparáveis e grandes provocações marcam o seu destino. Uma das desgraças prende-se ao seu nascimento; outra grande tristeza consiste na pesada missão de guiar o pai, cego e banido de Tebas, por toda a vida, na sua peregrinação, amparando-o até ao momento na morte. Etéocles e Polinice morrem em batalha no mesmo dia. Um contra o outro. Um a favor e o outro contra a cidade de Tebas.
Creonte, governante, manda enterrar honrosamente ao primeiro, mas lança uma lei de que o segundo não seja velado nem sepultado e, por ser um traidor de sua pátria, quem o fizesse seria igualmente considerado traidor. Acontece que Antígona, descumpre a lei e presta as honrarias fúnebres ao irmão. Como poderia ela obedecer à lei estatal e desobedecer à lei de seus deuses e de sua moral. Pois, na sua crença ele não teria descanso eterno enquanto não fosse realizada a cerimónia funebre.
Ela defendeu-se perante Creonte: "Nem eu supunha que as suas ordens tivessem o poder de superar as leis não-escritas, perenes, dos deuses, visto que és mortal. Pois elas não são de ontem nem de hoje, mas são sempre vivas, nem se sabe quando surgiram. Por isso, não pretendo, por temor às decisões de algum homem, expor-me à sentença divina".
A vida é curta e um erro traz um erro. Desafiado o destino, depois tudo é destino. Só há felicidade com sabedoria, mas a sabedoria aprende-se no infortúnio. Ao fim da vida os orgulhosos tremem e aprendem também a humildade. Já tarde, Creonte, oferece-se em holocausto. Tebas morre com ele. 



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