domingo, 7 de março de 2010

Sophia de Mello Breyner: A poesia e o mar


Para Sophia, a poesia é uma incessante perseguição do real, do concreto, e a sua explicação com o universo: «A minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens», sublinha. Essência e transparência coincidem no esplendor dos seus poemas. Coincidem, fundem-se, são inseparáveis: o essencial e o elemental numa expressão límpida e misteriosa, os versos sílaba a sílaba esculpidos, de ritmo encantatório, de elegância e belezas fascinantes. Com uma tal dignidade de dicção, que às vezes parece de uma distância olímpica - e afinal é a de alguém tão no meio de nós.
Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 1919 - Lisboa, 2004).
José Vasconcelos/JDACT

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

Cheiro a terra as àrvores e o vento
Que a Primavera enche de perfumes
Mas neles só quero e só procuro
A selvagem exalação das ondas
Subindo para os astros como um grito puro.

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