quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Homem Christo: Ao longo de toda a sua carreira revelou-se um apóstolo convicto e entusiasta da democracia e da instrução popular, realizando obra valiosa contra o analfabetismo, especialmente nos quartéis onde esteve colocado

(1860-1943)
Aveiro
Cortesia de prof2000

Homem Christo foi um militar e político republicano. Notabilizou-se como um dos oficiais do Exército Português implicados nos acontecimentos que rodearam a Revolta de 31 de Janeiro de 1891, à qual se tinha oposto, e depois como deputado republicano. Foi também professor universitário, escritor e jornalista, panfletário notável e político de relevo nos tempos que precederam a Implantação da República Portuguesa.

Apesar dessa oposição (31 de Janeiro de 1891), foi preso na sequência da revolta e levado a julgamento, tornando-se numa das figuras centrais do processo. Foi absolvido, por se provar a sua oposição ao movimento. Sobre este período da sua vida viria a publicar uma monografia.

Envolveu-se numa violenta polémica com Afonso Costa, que culminou num desafio para um duelo, negado por Homem Christo, que se afirmou pronto a desafrontar-se onde quer que o encontrasse. Como resultado dessa pendência, foi forçado a deixar o Exército em 1909.
Acusado de ter traído os ideais republicanos, aquando da Implantação da República em 1910, viu-se forçado ao exílio voluntário em França. Tendo por essa razão deixado Aveiro e suspendido a publicação do seu semanário, editou, em Paris, um periódico intitulado «Povo de Aveiro no Exílio». Com o advento em 1914 da Primeira Guerra Mundial, regressou a Portugal e manifestou-se intervencionista convicto e acérrimo defensor da participação de Portugal no conflito. Retomou a publicação em Aveiro do seu jornal, sob o título de «O de Aveiro».

Cortesia de arepublicano
Em 1918 foi nomeado professor catedrático da recém-criada Faculdade de Letras da Universidade do Porto, lugar que desempenhou até atingir o limite de idade, embora com alguns anos de interrupção da docência, motivados por incompatibilização com outros professores, nomeadamente com Leonardo Coimbra, com quem manteve uma violenta polémica.
Sem que se tivesse candidatado e para surpresa sua e de toda a classe política, Homem Cristo foi eleito deputado ao Congresso da República pelo círculo eleitoral de Timor Português. A eleição, verificada a 3 de Agosto de 1919, constituiu tal surpresa que, ao princípio, o próprio nem a queria acreditar, uma vez que não havia sido consultado sobre a candidatura.
No seu periódico, afirmava:
  • um caso raro, creio que único na nossa história constitucional, o ser eleito deputado um cidadão, sem o desejar, sem o esperar, sem ser consultado, por mero arbítrio dos eleitores.
Como a acta da eleição se tenha extraviado, ou sido propositadamente descaminhada e sonegada, a sua estreia parlamentar apenas ocorreria volvidos 20 meses após a eleição, pois só foi proclamado deputado a 27 de Janeiro de 1921, e tomou assento na Câmara dos Deputados. A sua passagem pelo parlamento foi curta pois o Congresso foi dissolvido no final daquele ano, mas ainda assim teve uma actividade parlamentar relevante e corajosa.

Cortesia de arepublicano
Ao longo de toda a sua carreira revelou-se um apóstolo convicto e entusiasta da democracia e da instrução popular, realizando obra valiosa contra o analfabetismo, especialmente nos quartéis onde esteve colocado. Para além da sua produção jornalística e das monografias que publicou, foi colaborador da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e de numerosas outras obras, entre as quais o Guia de Portugal, de Raul Proença.
http://www.prof2000.pt/users/avcultur/aveirilustres/HomemCristo.htm
http://www.homemcristo.org/index.php?option=com_content&view=article&id=7&Itemid=13
http://www.homemchristo.org/
Cortesia da Fundação Homem Christo/JDACT