sexta-feira, 29 de abril de 2011

Guimarães. Paço dos Duques de Bragança: Parte II. «Ao confiscar a casa para a coroa, D. João II nomeou carpinteiros para as obras do Paço de Guimarães. É o que consta de uma carta de 20 de Dezembro de 1490, em que o carpinteiro João Domingos renuncia esse cargo a favor do seu genro Afonso Anes, também carpinteiro»

Cortesia de monumentoportugues

Paço dos Duques de Bragança
Guimarães

«Pouco, pouquíssimo se conhece da história destes grandes Paços ducais, construídos, segundo se crê, sobre os fundamentos do velho palácio dos reis de Leão e do Conde D. Henrique.
Que foi o conde de Barcelos, D. Afonso, quem os mandou edificar, é ponto incontroverso.
  • Quando?
  • Que arquitecto os delineou?
  • Como era o seu risco inicial?
  • Que influências nacionais ou estrangeiras o inspiraram?
  • Quando terminaram as obras?
  • Chegaram a concluir-se?
  • Porquê e quando se arruinaram?

Cortesia de olhares

Perguntas a que a sombra dos séculos e a escassez da documentação conhecida não permitem dar claras respostas. Escreve Alfredo Guimarães:
  • «A disposição para construir em Guimarães um edifício de semelhantes e raras proporções adveio a D. Afonso dos conhecimentos da vida palaciana europeia. … a inferioridade da sua situação oficial entre ele e os seus irmãos, os Ínclitos Infantes e, comummente, a ambição de vir a ser… o que pudesse ser… na ordem em que a fortuna conduzisse os acontecimentos nacionais. … o mestre da traça, que podemos dizer se chamava Antom, lançou-se no delineamento de um Paço. … os Paços não são uma obra de visão normanda, mas sim a obra de um normando ou, pelo menos, de um francês. … assim, chegamos à conclusão segura de que a planta dos Paços dos duques foi executada em Guimarães entre 1420 e 1442…».

Cortesia de civiluminho

O alicerce documental das opiniões de Alfredo Guimarães é uma escritura de emprazamento de casas na rua Sapateira, feito pelo Cabido da Colegiada de Nossa Senhora da oliveira, em 15 de Maio de 1460, de que foi uma das testemunhas o Mestre Antom de pedraria.
Estranha-se o silêncio dos documentos sobre este suposto arquitecto dos paços, começados a construir quase 40 anos antes, e habitados havia 27 pela corte ducal, quando se lavrou aquela escritura de emprazamento. Mais, «que a influência do traçado é italiana, embora o estilo seja o gótico francês … já tradicional no país». Alfredo Guimarães, mantendo a sua opinião, escreve ainda:
  • «Na traça de Mestre Antom e sob a vedoria de Joahne Steuez, o edifício começou a construir-se pela frontaria, aquela que mais tare, em 1666 os frades capuchos de Guimarães haviam de apear para a construção do seu convento. …O edifício foi erguido inteiramente, e assim deveria estar quando, em 26 de Janeiro de 1480 faleceu nele, com perfumes de santidade, a virtuosa Senhora que foi a primeira Duquesa de Bragança».

Cortesia de nonasnonas

Ao confiscar a casa para a coroa, D. João II nomeou carpinteiros para as obras do Paço de Guimarães. É o que consta de uma carta de 20 de Dezembro de 1490, em que o carpinteiro João Domingos renuncia esse cargo a favor do seu genro Afonso Anes, também carpinteiro.
O certo é que os condes já viviam em Guimarães e provavelmente naqueles paços em 1433, porque aí datou D. Afonso a carta que endereçou a seu pai sobre nova empresa de África, que o infante D. Henrique então planeava.
O 1º duque de Bragança morreu em 1461 e a sua viúva continuou vivendo em Guimarães, até fim dos seus dias, em 26 de Janeiro de 1480. Não consta que a duquesa ali fizesse quaisquer obras». In Boletim 102, Dezembro de 1960, DGIMN, Paço dos Duques de Bragança, Guimarães.

Cortesia do IGESPAR/JDACT