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A Carreira Equestre de Plínio
«Gaio Plínio Secundo terá nascido nos finais de 23 ou inícios de 24 d.c., na cidade de Como, e dele se traçou este breve perfil biográfico:
- “Plinius Secundus Nouocomensis equestribus militiis industrie functus procurationes quoque splendissimas et continuas summa integritate administrauit et tamen liberalibus studiis tantam operarn dedit, ut non temere quis plure in otio scripserit. itaqure bella omnia, quae umquam cum Germanis gesta sunt, uiginti uoluminibus comprehendit, item naturalis historiae triginta septern libros absoluit. periit clade Campaniae”.
Retêm-se, pois, como aspectos mais salientes da sua vida, o exercício das procuratelas e a obra literária de que se sublinham neste texto duas obras «históricas»:
- Os vinte livros dos “Bella Germnniae” e os trinta e sete da “Naturalis Historia”.
A sua condição de cavaleiro obrigou-o a percorrer diferentes províncias e os cargos que exerceu justificam que se tenha tornada um conhecedor de muitas realidades concretas, assumindo, sem dúvida, no caso concreto da Península Ibérica, um grande relevo. O início da sua carreira, está intimamente ligada à Germânia., uma vez que, depois de uma passagem por Roma, desempenha nessa província funções preliminares de um “cursus honorum” equestre. Aí terá decorrido, entre 46 e 58, o exercício das “tres militiae”, provavelmente no exercício da última, teve oportunidade de travar amizade com Tito.
É de resto uma personagem intimamente ligada à dinastia dos flávios e, por consequência, conhece durante os júlio-claúdios, especialmente durante os últimos anos do reinado de Nero, alguns problemas. Mas também é essa circunstância que lhe permite gozar de uma situação de privilégio sob Vespasiano, a ponto de se tornar um conselheiro particular do imperador, segundo a interpretação mais corrente da informação de PLIN. Ep. 3,5,9: “ante lucem ibat ad Vespasianum imperatorem”.
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Dentro de uma normal carreira equestre se insere a sua nomeação como “procurator” em diversas províncias. Sobre este aspecto, que nos interessa particularmente, se debruçaram alguns estudiosos, que, recorrendo ao tipo de informações proporcionadas fundamentalmente por conhecimentos particulares de determinadas áreas do império, procuraram traçar o seu percurso, sem que, no entanto, se tenham estabelecido com segurança as províncias e sequência cronológica dos diferentes exercícios. Para Münzer P. teria exercido, no período que medeia entre 70 e74, quatro procuratelas consecutivas, respectivamente Narbonense, África, Tarraconense e Bélgica. R. Syme, revendo a investigação de Münzer, conclui que o exercício do cargo na Narbonense e na Bélgica que este último autor levanta ainda algumas dúvidas, tal como Ziegler já tinha assinalado
Pelo contrário, a sua estada na Tarraconense, está bem documentada tanto por informações concretas sob a realidade observada, como pela ligação com personagens que passaram por esta província. Entre estes se conta Lárcio Licínio, o “iuridicus Hispaniae Citerioris” que terá feito uma generosa oferta pelo repositório de informação entretanto coligido por P., e ao qual se deve ligar o censo promovido nessa província, circunstância que permite situar com grande probabilidade o seu cargo de “procurator” entre72 e74. De facto, como assinala Syme, esta será a razão pela qual P. apresenta os actualizados censos relativos ao Noroeste, uma vez que terá sido em 73-74 que estes se realizaram.
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O exercício da procuratela permitiu-lhe ter indirectamente contacto com o amplo território peninsular, mas é nitidamente mais completo no que diz respeito ao âmbito em que o seu cargo se exerceu. É fácil constatar que as notícias dependentes de uma observação ou conhecimento directo se situam precisamente na Tarraconense, sendo a Lusitânia e a Bética claramente preteridas. Por outro lado, a simples referência a “Hispania” equivaleria, concretamente na notícia de introdução do pistacho na península, a “Citerior”, em contraste com o uso de “Baetica” e “Lusitania” nas referências específicas a estas duas províncias.
Este cargo, exercido por tempo muito limitado, não permitia um conhecimento aprofundado do terreno, sobretudo se atendermos às limitações do tempo e à sua extensão. Por esta razão, são absolutamente justificadas as limitações da informação pliniana, sobretudo no que toca à falta de correcção de notícias anteriores manifestamente inexactas.
A Obra
Para além de importantes informações sobre aspectos biográficos da correspondência do seu sobrinho, uma célebre carta de Plínio-o-Moço a Bébio Macro, transmite-nos uma lista das suas obras principais, dispostas por ordem cronológica. A sua extensa produção reparte-se essencialmente entre escritos que genericamente abrangemos sob a designação de «históricos» e outros que abordam problemas gramaticais e retóricos. No seu conjunto, justificam a classificação de “orator et historicus” como alguns códices atestam». In Amílcar Guerra. Plínio, O Velho, e a Lusitânia, Arqueologia e História Antiga, Edições Colibri, 1995, ISBN 972-8047-97-5.
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