«(…) Ouve-se um grande chiado, e nuvens de vapor se erguem quando as águas do mar apagam o fogo. Gwen observa ansiosa, torcendo para que ele esteja bem, e momentos depois, Ralibar ressurge, sozinho. O outro dragão logo aparece, mas o seu corpo está inerte, boiando nas ondas, morto. Sem hesitar, Ralibar dispara para o céu, rumo às dezenas de outros dragões que mergulham na direcção dele. Ao mesmo tempo em que eles descem, com as suas grandes mandíbulas abertas com a intenção de mordê-lo, Ralibar parte para o ataque: ele estica as suas imensas garras, inclinando-se para trás, abre suas asas e agarra dois deles ao mesmo tempo em que gira e os empurra para dentro do mar. Ralibar os segura dentro da água, mas ao fazer isso, dezenas de dragões atacam as suas costas expostas. O grupo inteiro mergulha para dentro do mar, levando Ralibar junto com eles. Ralibar, por mais destemidamente que esteja lutando, está simplesmente em grande desvantagem, e é levado para o fundo do mar debatendo-se, preso por dezenas de dragões que gritam enfurecidos.
Gwen suspira, seu coração aos
pedaços ao ver Ralibar lutando com tanta coragem por todos eles, enfrentando
sozinho todos aqueles dragões; tudo o que ela mais quer é poder ajudá-lo. Ela
vasculha o mar diante dela, procurando, esperançosa, por qualquer sinal de
Ralibar e torcendo para encontrá-lo. Mas
para sua tristeza, ele não aparece. Os outros dragões ressurgem, voando para o
céu e se reagrupando, e voltam as suas atenções para as Ilhas Superiores. Eles
parecem olhar directamente para Gwendolyn ao darem um grande rugido ao mesmo
tempo em que estendem suas asas. Gwen sente seu coração partir. Seu grande
amigo Ralibar, a última esperança do seu povo, sua última forma de resistência,
havia morrido. Gwen vira-se para os seus homens, que observam paralisados pelo
choque. Eles sabem o que viria a seguir: uma inevitável onda de destruição. Gwen
se sente pesada; ela abre a boca, mas as palavras ficam presas na sua garganta.
Soem os alarmes, ela diz finalmente com a voz rouca. Todas as pessoas aqui em
cima precisam descer, agora. Levem-nos para cavernas, porões, qualquer lugar,
menos aqui. Levem-nos, agora!
Soem
os alarmes! Steffen grita, correndo para a entrada do forte e gritando para os
soldados no pátio. Logo, os sinos tocam por toda a praça. Centenas do seus súbditos,
sobreviventes do Anel, começam a fugir, correndo para se esconderem, indo para
cavernas nos arredores da cidade ou descendo para os porões e adegas no subsolo,
preparando-se contra a inevitável onda de fogo que certamente viria. Minha
rainha, Srog diz, voltando-se para ela, talvez possamos todos nos refugiar no
forte. Afinal de contas, ele é feito de pedras. Gwen balança a cabeça. Você não
conhece a fúria dos dragões, ela diz; Nada que estiver na superfície estará
seguro. Absolutamente nada. Mas minha senhora, talvez nós fiquemos mais seguros
dentro do forte, ele insiste. Ele resistiu ao teste do tempo. As paredes de
pedras têm quase um metro de espessura. Não seria melhor ficarmos aqui do que por
baixo da terra? Gwen balança a cabeça. Há um rugido, e ela olha para o
horizonte e pode ver que os dragões se aproximam. Seu coração se sobressalta ao
ver, à distância, os dragões assoprando uma parede de fogo na sua frota, que
continua atracada no porto ao sul das ilhas. Ela assiste horrorizada quando os seus
preciosos navios, a sua única forma de escapar daquelas ilhas, navios belíssimos
cuja construção tinha levado anos, são reduzidos a nada além de brasas. Ela
fica satisfeita por ter previsto aquilo, e feliz por ter escondido alguns
navios no outro lado da ilha». In Morgan Rice, Uma Terra de Fogo, 2014, colecção
Anel do Feiticeiro, Stockcom, Frentusha, 2015, ISBN 123-000-053-563-2.
Cortesia de Stockco/Frentusha/JDACT
JDACT, Morgan Rice, Literatura, Fantasia,