quarta-feira, 21 de julho de 2021

Steve Berry. O Legado dos Templários. «Apanhara os seus perseguidores desprevenidos, o que só demonstrava que não passavam de amadores. E até era capaz de apostar que também não falavam dinamarquês»

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Abbaye des Fontaines. Pirinéus Franceses.

Roskilde

«(…) O homem parecia entender o desafio que ela constantemente lhe colocava. A senhora trabalha para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e está à frente de uma unidade conhecida como Magellan Billet, composta por doze advogados escolhidos por si, e que apenas a si prestam contas, e que tratam de assuntos, digamos, sensíveis. Cotton Malone trabalhou alguns anos para a senhora. Todavia, reformou-se o ano passado e agora é dono de uma livraria em Copenhaga. Se não fosse pelas infelizes acções do meu acólito, teria desfrutado de um simpático almoço com o sr. Malone e depois de se despedir dele ter-se-ia dirigido para aqui, para assistir ao leilão, o verdadeiro motivo que a trouxe à Dinamarca. Já chegava daquele jogo de faz-de-conta. Trabalha para quem? Para mim próprio. Duvido muito. Porquê? Anos de prática. O homem voltou a sorrir, o que a irritava. O diário, se faz favor. Não o tenho. Depois das atribulações de hoje, achei que o melhor seria guardá-lo num lugar seguro. É Peter Hansen quem o tem? Stephanie não respondeu. Pois, também não estava à espera que respondesse. A nossa conversa chegou ao fim. Virou-se para o gradeamento aberto e atravessou-o apressada. À sua direita, na direcção da porta principal, avistou dois homens com cabelo curto. Não eram os mesmos que a haviam abordado na casa leiloeira, mas soube de imediato de quem recebiam ordens. Voltou a olhar para o homem cujo nome não era Bernardo. Tal como aconteceu ao meu acólito na Torre Redonda, não tem por onde fugir. Vá-se lixar! Correu para a esquerda e desapareceu no interior da catedral.

Malone avaliou a situação. Encontrava-se numa praça pública, adjacente a uma rua movimentada. As pessoas entravam e saíam da casa leiloeira, enquanto outras esperavam que lhes trouxessem os carros do parque de estacionamento próximo. Era óbvio que a sua vigilância a Stephanie não passara despercebida e amaldiçoou-se por não ter sido mais cuidadoso. Todavia, decidiu que, ao contrário da ameaça proferida, os dois homens não arriscariam serem vistos. O seu objectivo era detê-lo e não eliminá-lo. Talvez a sua missão fosse impedi-lo de chegar à catedral, para que o que quer que estivesse a acontecer no seu interior se pudesse desenrolar sem a sua interferência. Isso significava que precisava de agir. Observou enquanto mais pessoas abandonavam o leilão. Uma dessas pessoas, um dinamarquês alto e magro, tinha uma livraria na Ströget, perto da loja de Peter Hansen. O empregado trouxe-lhe o automóvel. Vagn, chamou Malone, e afastou-se da pistola encostada às suas costas. O amigo voltou-se. Cotton, como estás?, cumprimentou o homem em dinamarquês. Malone avançou calmamente em direcção ao carro e olhou para trás, vendo o homem de cabelo curto esconder a arma por baixo do casaco. Apanhara os seus perseguidores desprevenidos, o que só demonstrava que não passavam de amadores. E até era capaz de apostar que também não falavam dinamarquês. Podias dar-me boleia até Copenhaga?, pediu. Claro. Ainda temos lugar. Entra. Abriu a porta de trás. Obrigado. A minha boleia ainda vai ficar mais um pouco e eu tenho de regressar. Assim que fechou a porta, acenou pela janela e viu a expressão confusa dos dois homens quando o automóvel passou. Não viste nada de interesse no leilão?, perguntou Vagn. Não, nada, respondeu Malone, desviando a atenção para o condutor. Nós também não, por isso decidimos vir embora e jantar mais cedo. Malone olhou para a mulher sentada ao seu lado. No banco da frente, seguia outro homem. Como não conhecia nem um nem outro, apresentou-se. Lentamente, o automóvel foi-se afastando das ruas estreitas de Roskilde em direcção à autoestrada de Copenhaga». In Steve Berry, O Legado dos Templários, 2006, Publicações dom Quixote, 2007, ISBN 978-972-203-808-9.

Cortesia PdomQuixote/JDACT

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