terça-feira, 17 de maio de 2022

A Rainha Isabel nas Estratégias Políticas da Península Ibérica 1280-1336. José Carlos Gimenez. «Porém, em ambos os casos, segundo esse mesmo direito, o matrimónio tornar-se-ia indissolúvel quando consumado por união carnal entre os esposos»

Cortesia de wikipedia e jdact

Com a devida vénia ao Doutor José Carlos Gimenez

Alianças Políticas na Península Ibérica nos Séculos XIII – XIV

«(…) O direito canónico vigente em Portugal durante o período em que este trabalho se insere, reservava como elemento essencial para a concretização de uma aliança matrimonial, a decisão final aos próprios cônjuges de se aceitarem por marido e mulher e partilharem uma vida comum. Tal disposição poderia ser expressa por palavras de presente, arranjo que efectivava o compromisso prontamente ou por palavras de futuro, que constituía exclusivamente uma promessa de casamento (noivado) e implicava um compromisso com direitos e deveres entre os envolvidos, no entanto ele só seria efectivado quando o casal concretizasse os acordos por meio das palavras de presente. Porém, em ambos os casos, segundo esse mesmo direito, o matrimónio tornar-se-ia indissolúvel quando consumado por união carnal entre os esposos.

A segunda situação, palavras de futuro, foi muito comum entre os reinos peninsulares. Por meio dessa prática, reis e rainhas serviram-se muitas vezes de seus filhos, ainda impúberes, para realizar alianças matrimoniais como uma prerrogativa de materialização de acordos políticos. Neste sentido, as alianças matrimoniais realizadas entre as monarquias da Península Ibérica durante a Idade Média eram acontecimentos que ultrapassavam as solenidades jurídicas e religiosas e compunham, além de uma liturgia, uma questão política. Na configuração de uma nova família, essa ocorrência ganhava mais importância ainda quando duas casas reinantes procuravam concretizar novos acordos de cooperação económica e militar, demarcar novos espaços territoriais, modificar suas alianças políticas, reatar a paz ou iniciar longas crises com a Igreja de Roma, entre outras possibilidades.

No centro das negociações dessas alianças, não eram consideradas a vontade e a liberdade de decisão dos futuros esposos, mas sim as disposições traçadas pelas duas casas régias com o apoio das mais ilustres famílias nobiliárias que também viam nelas um acontecimento ideal para alcançar vantagens económicas e políticas. Nesse sentido, esses acordos possibilitavam igualmente a formação de uma rede de relações amistosas entre os reinos, que afectavam todo o corpo social ao possibilitar a criação de núcleos familiares que traduziam a constituição de uma organização de parentesco que alterava o panorama social e político de toda a comunidade.

De Infanta Aragonesa a Rainha a Rainha de Portugal

Não existe unanimidade entre os pesquisadores em apontar com exactidão o dia, o mês ou mesmo o ano do nascimento da infanta Isabel de Aragão. António Silva Pinto afirma que ela nasceu a 11 de Fevereiro de 1270, data também admitida por Cruz Coelho. Vitorino Nemésio assegura que ela deve ter nascido entre o Inverno de 1269 e 1270. António Nogueira Gonçalves, por sua vez, declara que dona Isabel, da casa de real de Aragão, nasceu no ano de 1270, provavelmente a 11 de Novembro». In José Carlos Gimenez, A Rainha Isabel nas Estratégias Políticas da Península Ibérica 1280-1336, Teses de Doutoramento, UF do Paraná, Ciências Humanas, 2005.

Cortesia de UFParaná/CHumanas/JDACT

JDACT, José Carlos Gimenez, Caso de Estudo, Península Ibérica, Rainha Isabel,