terça-feira, 17 de maio de 2022

A Rainha Isabel nas Estratégias Políticas da Península Ibérica 1280-1336. José Carlos Gimenez. «Outro autor que também estudou a vida da rainha foi Fernando Félix Lopes. Por meio de uma série de artigos publicados entre as décadas de 50 e 60 do século passado…»

Cortesia de wikipedia e jdact

Com a devida vénia ao Doutor José Carlos Gimenez

«(…) Outro autor que também estudou a vida da rainha foi Fernando Félix Lopes. Por meio de uma série de artigos publicados entre as décadas de 50 e 60 do século passado, esse autor dedicou-se especialmente aos conflitos entre dom Dinis e o irmão, e dom Dinis e o filho, e a algumas actividades religiosas e políticas da rainha entre outras. Pode-se destacar, ainda, o livro de Mário Domingues, D. Dinis e Santa Isabel, evocação histórica, publicado em 1963. Inspirado por uma leitura marxista, essa obra procura exaltar as realizações de dom Dinis, pois, segundo ele, a lenda em torno da vida da rainha Santa Isabel havia obscurecido a importância do papel político do monarca português: A lenda é demasiada injusta para com o soberano. No transparente intuito de valorizar a santa, tratou de amesquinhar um homem que, no decurso de toda a sua vida, não deu senão provas inequívocas de generosidade e carinho pelas classes desprotegidas. No entanto, com a publicação, em 1987, da obra da historiadora espanhola, Ângela Muñoz Fernández, já é possível conhecer alguns aspectos da vida da rainha Isabel analisados sob o enfoque das contribuições de uma historiografia actualizada e crítica. Neste estudo, a medievalista espanhola analisou diversas composições literárias sobre a rainha Isabel, como exemplo de modelos ético-normativos que a Igreja medieval projectou sobre a figura da mulher. O objectivo deste estudo é realizar uma investigação da figura da rainha Isabel enfocando a sua actuação política e religiosa e não dos milagres que realizou após a morte sobre os quais há farta bibliografia. Nele, a finalidade principal é uma reflexão sobre o papel e a actuação da rainha Isabel nas estratégias políticas da Península Ibérica, no final do século XIII e na primeira metade do século XIV, mais precisamente entre 1280, data provável dos primeiros contatos entre Portugal e Aragão para ajustarem o seu casamento com dom Dinis, e 1336, data da sua morte.

Para tal tarefa, foram selecionadas, além do já citado texto anônimo do século XIV: Livro que fala da boa vida que fez a Raynha de Portugal, D. Isabel, e dos seus bõos feitos e milagres em sa vida e depoys da morte, as Crónicas dos sete primeiros reis de Portugal, as Crónicas de los Reys de Castilla. Além dessas fontes, foram selecionados também testamentos, doações e cartas de autoridades civis e eclesiásticas, publicadas como apêndice documental em diversos estudos sobre o período e, principalmente, um corpus documental composto por correspondências que a rainha Isabel manteve com muitas autoridades da época. Demarcando a temporalidade específica e delimitando as fontes, no primeiro capitulo realizou-se um estudo sobre a importância das alianças matrimoniais como expediente utilizado pelos reinos Ibéricos na tentativa de estabelecer profícuos acordos políticos, principalmente, do significado do casamento da infanta Isabel com dom Dinis para estabelecer uma aliança política entre aqueles reinos. Entendendo a casa régia enquanto um espaço político e cultural que sustentava a sociedade política daquele período, no segundo capítulo foram examinadas as actuações políticas da rainha nos diversos assuntos internos do reino português, mais precisamente seu envolvimento nas divergências entre o marido e o irmão e entre o marido e o Infante herdeiro, Afonso, futuro rei dom Afonso IV, bem como seu empenho na administração de seus bens, nomeação de fiéis servidores e na intervenção directa nas negociações dos casamentos dos filhos bastardos de dom Dinis. No segundo capítulo, também foi feita uma reflexão sobre as acções da rainha, situando-a no seu próprio contexto histórico, ou seja, uma rainha que adicionava aos códigos legislativos da época, os exercícios religiosos franciscanos como forma de governar e conduzir os assuntos internos do reino. No terceiro capítulo, investigou-se a participação da rainha Isabel no envolvimento do reino português diante dos conflitos e dos acordos com o reino de Castela e de Aragão, sobretudo sua participação nas mediações diplomáticas que envolveram os reinos de Portugal, Aragão e Castela. No quarto capítulo, foram discutidas as acções da rainha Isabel depois da morte de dom Dinis, em 1325, dando ênfase à sua actuação política na busca de soluções para os novos conflitos externos envolvendo seu filho, dom Afonso IV, rei de Portugal, seu neto, Alfonso XI, rei de Castela, e seu sobrinho, Alfonso IV, rei de Aragão e ao significado político das aspirações tomadas pela rainha deixadas nas suas declarações testamentárias». In José Carlos Gimenez, A Rainha Isabel nas Estratégias Políticas da Península Ibérica 1280-1336, Teses de Doutoramento, UF do Paraná, Ciências Humanas, 2005.

Cortesia de UFParaná/CHumanas/JDACT

 JDACT, José Carlos Gimenez, Caso de Estudo, Península Ibérica, Rainha Isabel,