Com a devida vénia à Doutora Rosário Cordeiro Carvalho
Da fundação da Misericórdia de Olivença à construção da actual igreja
«A
data apontada para a fundação da Misericórdia de Olivença é a de 20 de Novembro
de 1501, na sequência da carta enviada por dom Manuel I aos municípios a fim de
recomendar e encorajar a criação de confrarias à imagem da que havia sido
constituída em Lisboa. De acordo com esta memória, existente no arquivo da
confraria, esteve presente o escudeiro Álvaro Guarda, enquanto enviado do
monarca. A primeira referência a esta Misericórdia na Chancelaria régia,
relativa a um privilégio, remonta a 30 de Março de 1515. Desde então, os reis
concederam uma atenção particular à confraria, concedendo-lhes vários
privilégios e contribuindo para as diversas obras promovidas. Nos primeiros anos
da sua existência, a Misericórdia de Olivença conheceu diversas sedes, até se
instalar naquela que passou a ser a sua própria igreja, à época extramuros da muralha
de dom Dinis. A primeira foi a Casa Consistorial, situada na Praça de Santa
Maria do Castelo, erguendo-se, pouco depois, uma capela na igreja de Santa
Maria do Castelo, onde os irmãos passaram a reunir-se. A confraria foi ganhando
um peso e uma importância progressiva, que encontraram na doação dos bens do
padre Fernão Afonso, em 1511, o seu primeiro grande impulso. Na verdade, até aí
a Misericórdia vivia de esmolas dos particulares, mas esta doação veio iniciar
um processo de dádivas, responsável pela criação de um património considerável.
Todavia, a ameaça de ruína da
igreja do Castelo, a inexistência de uma outra que pudesse receber a
instituição e o aliciante de unir várias confrarias, com a Misericórdia a absorver
as mais reduzidas, conduziu a que, em 1520, o monarca tenha ordenado a sua
transferência para a ermida do Espírito Santo. Este templo, de construção
anterior ao século XVI, acolhia, para além da confraria do Espírito Santo, a de
Nossa Senhora do Sábado. As campanhas de obras na nova sede iniciaram-se, muito
possivelmente, em 1548. O plano de trabalhos encomendado a Ayres Quintall
previa, ao que tudo indica, a reedificação e engrandecimento da igreja e a
construção de um hospital anexo. Estas intervenções, que se prolongaram por
todo o século XVI, contaram com o apoio dos diversos monarcas, através de
privilégios e concessão de rendas.
De nave única com abóbada de
canhão, a igreja dispõe de coro alto apoiado sobre arcada sustentada por
colunas de mármore com capitéis jónicos, e capela-mor elevada em relação ao
pavimento da nave, da qual se separa através de arco triunfal de volta
perfeita.
Após esta primeira grande
campanha, a Misericórdia de Olivença voltou a ser objecto de remodelações entre
o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII: de âmbito mais
decorativo que estrutural, esta intervenção alterou por completo a percepção do
espaço, transformando-o, através de um programa uno, numa obra de arte total,
onde todos os elementos convergem no mesmo sentido iconográfico e sensorial». In Maria
do Rosário Cordeiro Carvalho, Igreja da Misericórdia de Olivença, Caso de
Estudo, Wikipédia.
Cortesia de wikipedia
JDACT, Maria do Rosário Cordeiro Carvalho, Caso de Estudo, Castelo de Vide, Património, Conhecimento,