Maria Madalena e Maria, a mãe de Jesus
«(…)
Os leitores estarão familiarizados com as noções de Maria, mãe de Jesus, como
uma virgem perpétua, a mãe perfeita e a Theotokos, a Mãe de Deus; de ter sido concebida
imaculadamente, de subir ao céu, de ser um intercessor entre Deus e os homens,
aquela que conhece o mais profundo sofrimento humano, a mulher sempre gentil e
obediente à vontade de Deus. Mas nada desse modelo da mulher perfeita é
encontrado na Bíblia, onde ela é uma mulher um tanto irritante, que não tem
compreensão do que seu filho está prestes a fazer; em vez disso, ela é uma
invenção que pertence inteiramente aos séculos posteriores, uma figura bíblica
relativamente menor que foi transformada num grande culto, enquanto Maria
Madalena, a mulher que conhecia Jesus, foi transformada numa prostituta.
A
Mulher chamada Madalena
Maria Madalena aparece pela
primeira vez na cronologia da vida de Jesus na Galileia, onde ela está viajando
com Jesus enquanto ele proclama o reino de Deus. E os Doze estavam com ele,
escreve Lucas no seu evangelho, e algumas mulheres que haviam sido curadas de
espíritos malignos e de enfermidades. Entre essas mulheres, três são
mencionadas pelo nome, e o primeiro nome é Maria Madalena, fora de quem saíram
sete demónios. E mais nos é dito, pois Jesus e os Doze discípulos devem ser
alimentados e cuidados à medida que viajam pela Galileia, e é Maria Madalena
quem fornece os meios, juntamente com Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes
Antipas, governante da Galileia e da Pereia, e uma mulher chamada Susana, e
muitas outras mulheres que não têm seus nomes mencionados. É assim que o
Evangelho de Lucas descreve Maria Madalena enquanto ela viaja com Jesus pela
Galileia: E sucedeu que, depois disto, andava Jesus por cidades e aldeias,
pregando e anunciando a boa nova do reino de Deus; e os Doze o acompanhavam,
assim como certas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de
enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios, e
Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Susana, e muitas outras, que o
serviam com os seus bens. Esta narrativa de Lucas é tudo o que temos de Maria
Madalena em todos os evangelhos, até voltarmos a encontrá-la na crucificação em
Jerusalém.
Mas, embora Lucas seja muito
breve, o que ele nos diz de Maria Madalena com Jesus na Galileia está cheio de
pistas e revelações sobre sua vida, seu carácter, sua riqueza, suas conexões
sociais e políticas, seu estado mental, emocional e espiritual, suas origens e
a natureza do seu relacionamento com Jesus e seu círculo, e está também cheio
de mistérios.
Um
lugar chamado Magdala
Na busca por Maria Madalena deveríamos
começar com o seu nome. No grego original dos evangelhos ela nunca é Maria
Madalena. Quando ela viaja com Jesus pela Galileia, Lucas descreve-a como Maria,
chamada Madalena. Mais tarde, na ressurreição, o original grego de Lucas descreve-a
como Maria, a Madalena. Em Mateus, Marcos e João, o grego é Maria, a Madalena.
Ela usa o nome de Madalena como se tivesse sido a ela conferido um título. Embora
o Novo Testamento não descreva Maria Madalena como sendo de ou vindo de
algum
lugar, a suposição comum é a de que Maria Madalena significa Maria de Magdala».
In
Michael Haag, Maria Madalena, Zahar, 2018, ISBN 978-853-781-739-1.
JDACT, Conhecimento, Literatura, Maria Madalena, Michael Haag, Religião,