(1928-2006)
Lisboa
Cortesia de poesiadosdiasuteis-vcm
Em qualquer papel se anota um verso
Quando a mão de obra
mete as mãos à obra
que falta?
que sobra?
uma volta à chave
o dedo inquieto
que o raio dispara
o nobre sem sorte
o verdete amargo
na senda (???) da cobra
achada no escombro
pender a cabeça
e não achar ombro
estender a mão
e não achar faca
senão a que corta
a meia torrada
e o café deserto
no peso da tarde
regalo da mosca
no sono do velho
que pediu conselho
por dez mil ou mais
pois tem o cartão
o sessenta e cinco
que comprou depois
de apertar o cinto
Vasco Costa Marques
Hino de Caxias
Longos corredores nas trevas percorremos
sob o olhar feroz dos carcereiros
mas nem a luz dos olhos que perdemos
nos faz perder a fé nos companheiros.
Vá camarada mais um passo
que já uma estrela se levanta
cada fio de vontade são dois braços
e cada braço uma alavanca.
Cortam o sol por sobre os nossos olhos
muros e grades encerram horizontes
mas nós sabemos onde a vida passa
e a nossa esperança é o mais alto dos montes.
Vá camarada mais um passo
que já uma estrela se levanta
cada fio de vontade são dois braços
e cada braço uma alavanca.
Podem rasgar meu corpo à chicotada
podem calar meu grito enrouquecido
que para viver de alma ajoelhada
vale bem mais morrer de rosto erguido.
Vá camarada mais um passo
que já uma estrela se levanta
cada fio de vontade são dois braços
e cada braço uma alavanca.
Vasco Costa Marques
JDACT