segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Poesia. Florbela Espanca. «Tenho sido tão má! Tenho feito mal sem me importar porque quando não gosto, sou como as estátuas que são de mármore e não sentem. De que vale no mundo ser-se inteligente, ser-se artista, ser-se alguém...»


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Este livro...
Este livro é de mágoas. Desgraçados
que no mundo passais, chorai ao lê-lo!
Somente a vossa dor de torturados
pode, talvez, senti-lo... e compreendê-lo.

Este livro é para vós. Abençoados
os que o sentirem, sem ser bom nem belo!
Bíblia de tristes... Ó Desventurados,
que a vossa imensa dor se acalme ao vê-lo!

Livro de Mágoas... Dores... Ansiedades!
Livro de Sombras... Névoas e Saudades!
Vai pelo mundo... (Trouxe-o no meu seio...)

Irmãos na Dor, os olhos rasos de água,
chorai comigo a minha imensa mágoa,
lendo o meu livro só de mágoas cheio!...

Soneto de Florbela Espanca, in 'Sonetos'

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