segunda-feira, 16 de novembro de 2020

O Símbolo Perdido Dan Brown. «Hoje em dia nenhum veículo pode se aproximar dos prédios importantes. Sinto muito, senhor. Langdon verificou o relógio, surpreso ao ver que já eram 18h50»

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«(…) Apesar dos empurrõezinhos ocasionais do irmão e de não lhe faltarem pretendentes, Katherine nunca havia casado. A ciência se tornara sua parceira de vida, e seu trabalho se revelara mais recompensador e estimulante para ela do que qualquer homem jamais poderia desejar ser. Katherine não se arrependia de nada. A disciplina que ela havia escolhido, ciência no ética, era praticamente desconhecida quando Katherine ouvira falar nela na primeira vez, mas nos últimos anos tinha começado a abrir novas portas para a compreensão do poder da mente humana. O nosso potencial desconhecido é realmente impressionante. Os dois livros de Katherine sobre noética a haviam firmado como líder nessa disciplina obscura, mas as suas mais recentes descobertas, quando publicadas, prometiam transformar a ciência na ética em assunto de conversas mundo afora. Naquela noite, no entanto, ela estava pensando em tudo menos em ciência. Mais cedo, tinha recebido informações preocupantes sobre o irmão. Ainda não consigo acreditar que seja verdade. Não havia pensado em mais nada a tarde inteira.

Com uma chuva fina tamborilando no seu pára-brisa, Katherine juntou rapidamente as suas coisas para entrar. Estava prestes a descer do carro quando seu telefone móvel tocou. Ela viu o nome de quem estava ligando e respirou fundo. Então ajeitou os cabelos atrás das orelhas e se acomodou para atender. A uns 10 quilómetros dali, Mal'akh percorria os corredores do prédio do Capitólio com um telefone colado à orelha. Esperou pacientemente enquanto o telefone tocava do outro lado. Por fim, uma voz de mulher atendeu. Sim? Precisamos nos encontrar de novo, disse Mal'akh. Houve uma longa pausa. Está tudo bem? Tenho novas informações, disse Mal'akh. Pode falar. Mal'akh respirou fundo. Aquilo que seu irmão acredita que está escondido na capital...? Sim. Pode ser encontrado. Katherine Solomon soou espantada. Está me dizendo que..., é real? Mal'akh sorriu. Às vezes uma lenda que dura muitos séculos..., tem um motivo para durar.

Não pode chegar mais perto? Robert Langdon sentiu uma súbita onda de ansiedade quando o motorista parou na Rua 1, a uns bons 400 metros do prédio do Capitólio. Infelizmente não, respondeu o motorista. Segurança nacional. Hoje em dia nenhum veículo pode se aproximar dos prédios importantes. Sinto muito, senhor. Langdon verificou o relógio, surpreso ao ver que já eram 18h50. Uma área em obras em torno do National Mall os atrasara, e sua palestra começaria dali a 10 minutos. O tempo está virando, disse o motorista, saltando do carro e abrindo a porta do passageiro. É melhor o senhor se apressar. Langdon fez menção de pegar a carteira, mas o homem o deteve com um gesto. O seu anfitrião já me deu uma generosa gorjeta além da tarifa. Típico de Peter, pensou Langdon, recolhendo suas coisas. Está bem, obrigado por me trazer. As primeiras poucas gotas de chuva começaram a cair quando Langdon pisou na esplanada central graciosamente curva que descia para a entrada subterrânea de visitantes. O Centro de Visitantes do Capitólio tinha sido um projecto caro e controverso. Descrito como uma cidade subterrânea comparável a partes da Disney World, ele supostamente disponibilizava mais de 46 mil metros quadrados de espaço para exposições, restaurantes e salões de conferência. Langdon estava curioso para conhecê-lo, embora não tivesse previsto uma caminhada tão longa. O céu ameaçava desabar a qualquer momento. Ele apressou o passo para uma corrida leve, mas seus sapatos sociais patinhavam no cimento molhado. Eu me vesti para dar uma palestra, não para uma corrida de 400 metros ladeira abaixo na chuva!

Quando chegou ao final da esplanada, estava sem ar e ofegante. Empurrou a porta giratória e parou por alguns instantes no saguão para recuperar o fôlego e secar as roupas com as mãos. Enquanto fazia isso, ergueu os olhos para o espaço recém-concluído à sua volta. Confesso que estou impressionado. O Centro de Visitantes do Capitólio não se parecia em nada com o que ele esperava. Como era subterrâneo, Langdon estava apreensivo antes de entrar ali. Um acidente na infância o havia deixado preso durante uma noite inteira dentro de um poço fundo, o que lhe causara uma aversão quase incapacitante a espaços fechados. Mas, apesar de estar debaixo da terra, aquele lugar era de alguma forma..., arejado. Leve. Amplo». In Dan Brown, O Símbolo Perdido, 2009, Bertrand Editora, 2009, ISBN 978-972-252-014-0.

Cortesia de BertrandE/JDACT

JDACT, Dan Brown, Washington, D.C., Literatura, Maçonaria,