segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O Símbolo Perdido Dan Brown. «O único membro vivo da família de Solomon, sua irmã mais nova Katherine, aparentemente herdara o gene da ciência…»

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«(…) Célebre académico cujos modos calmos desmentiam sua poderosa linhagem, Peter vinha da riquíssima família Solomon, cujo nome podia ser visto em prédios e universidades de todo o país. Assim como os Rothschild na Europa, os Solomon sempre carregaram consigo todo o imaginário da realeza e do sucesso norte-americanos. Peter assumira a posição de chefe da família ainda jovem, após a morte do pai. Agora, aos 58 anos, já havia ocupado os mais diversos cargos de poder ao longo da vida. Actualmente, estava à frente do Instituto Smithsonian. Langdon de vez em quando provocava Peter, dizendo que a única mácula no seu pedigree irretocável era o diploma de uma universidade de segunda categoria, Yale.

Ao entrar em seu escritório, Langdon espantou-se ao ver que também havia recebido um fax de Peter.

Peter Solomon

Escritório do secretário

Instituto Smithsonian

Bom dia, Robert,

Preciso falar-lhe com urgência.

Por favor, ligue-me hoje de manhã assim que puder no telefone 202 329-5746.

Peter

Langdon discou o número na mesma hora, sentando-se diante da escrivaninha de carvalho esculpida à mão para esperar a ligação se completar. Escritório de Peter Solomon, atendeu a já conhecida voz do assistente. Anthony falando. Em que posso ajudar? Alô, aqui é Robert Langdon. O senhor me deixou um recado mais cedo... Sim, professor Langdon! O rapaz pareceu aliviado. Obrigado por retornar a ligação tão depressa. O sr. Solomon está ansioso para falar com o senhor. Deixe-me avisá-lo que está na linha. Pode aguardar um momento? Claro. Enquanto Langdon esperava Solomon atender, baixou os olhos para o nome de Peter no cabeçalho do papel timbrado do Smithsonian e teve de sorrir. O clã dos Solomon não inclui muitos preguiçosos. A árvore genealógica de Peter estava coalhada de magnatas dos negócios, políticos influentes e cientistas consagrados, alguns dos quais haviam chegado a integrar a Real Sociedade de Londres. O único membro vivo da família de Solomon, sua irmã mais nova Katherine, aparentemente herdara o gene da ciência, pois agora era uma das figuras mais importantes de uma disciplina recente e inovadora chamada ciência noética.

Tudo isso é grego para mim, pensou Langdon, achando graça ao recordar a mal-sucedida tentativa de Katherine de lhe explicar a ciência noética numa festa na casa do irmão no ano anterior. Langdon havia escutado com atenção e então respondido: parece mais magia do que ciência. Katherine piscara o olho, brincalhona. As duas são mais próximas do que você pensa, Robert. Então o assistente de Solomon voltou ao telefone. Sinto muito, o sr. Solomon está tentando organizar uma teleconferência. As coisas por aqui estão um pouco caóticas esta manhã. Não tem problema. Eu posso ligar depois. Na verdade, ele me pediu que lhe comunicasse o motivo da ligação, se o senhor não se importar. É claro que não me importo. O assistente respirou fundo. Como o senhor já deve saber, professor, todos os anos aqui em Washington o conselho do Smithsonian organiza um evento de gala para agradecer aos nossos mais generosos patrocinadores. Boa parte da elite cultural do país comparece. Langdon sabia que sua conta bancária tinha uma quantidade de zeros, pequena demais para incluí-lo na elite cultural, mas ficou imaginando se Solomon iria convidá-lo mesmo assim. Este ano, como de costume, prosseguiu o assistente, o jantar vai ser precedido por um discurso de abertura. Tivemos a sorte de conseguir o Salão Nacional das Estátuas do Capitólio para esse evento.

O melhor salão de toda a capital, pensou Langdon, recordando uma palestra política que assistira certa vez no impressionante salão circular. Era difícil esquecer 500 cadeiras dobráveis dispostas num arco perfeito, cercadas por 38 estátuas em tamanho natural, num lugar onde outrora havia funcionado a primeira Câmara dos Representantes da nação.

O problema é o seguinte, disse o assistente. Nosso orador adoeceu e acabou de nos informar que não vai poder fazer o discurso. Ele fez uma pausa, constrangido. Isso significa que estamos desesperados atrás de um substituto. E o Sr. Solomon esperava que o senhor pudesse considerar a possibilidade de cumprir essa função. Langdon ficou surpreso. Eu? - Aquilo não era absolutamente o que ele imaginava. Tenho certeza de que Peter pode encontrar um substituto muito melhor. O senhor é a primeira escolha do sr. Solomon, professor, e está sendo excessivamente modesto. Os convidados do instituto ficariam encantados em ouvi-lo, e o sr. Solomon pensou que o senhor poderia dar a mesma palestra que fez no canal de TV Bookspan há alguns anos, o que acha? Assim, não precisaria preparar nada. Ele disse que o tema era o simbolismo na arquitectura da nossa capital... Parece perfeito para a ocasião. Langdon não tinha tanta certeza. Se bem me lembro, essa palestra tinha mais a ver com a história maçónica do prédio do que... Exato! Como o senhor sabe, o sr. Solomon é maçom, assim como muitos dos homens de negócios que estarão presentes. Tenho certeza de que eles adorariam ouvi-lo falar sobre esse assunto». In Dan Brown, O Símbolo Perdido, 2009, Bertrand Editora, 2009, ISBN 978-972-252-014-0.

Cortesia de BertrandE/JDACT

JDACT, Dan Brown, Washington, D.C., Literatura, Maçonaria,