segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Pensamento e as Interpretações: Parte II. Na penumbra, um texto muito claro torna-se ilegível

Cortesia de morior.wordpress
«Quem quer discutir ou contradizer máximas, devia ser capaz de as observar com toda a clareza e, depois, ser capaz de manter a discussão dentro dos limites dessa clareza, para não se dar o caso de andar a lutar com falsas imagens da sua própria invenção. A obscuridade de certas máximas é meramente relativa; nem tudo o que é luminoso para quem pratica o género tem que ser tornado distinto perante o ouvinte.
Há muito ditos dos antigos que cuidamos de repetir constantemente e que tinham uma significação muito diferente daquela que depois se pretendeu atribuir-lhes. Quem quiser acusar um autor de ser obscuro devia começar por observar a sua própria interioridade para verificar se encontra nela clareza suficiente. Na penumbra, um texto muito claro torna-se ilegível». In Johann Wolfgang von Goethe.

Com a devida vénia ao CITADOR (http://www.citador.pt) apresento algumas interpretações do pensamento:

Cortesia de mehwtf.wordpress
A Instabilidade e Imprevisibilidade do Nosso Comportamento.
Não deveis estranhar se hoje vedes poltrão aquele que ontem vistes tão intrépido: ou a cólera, ou a necessidade, ou a companhia, ou o vinho, ou o som de uma trombeta, tinham-lhe incutido coragem. Não se trata de uma coragem que a razão haja modelado; foram as circunstâncias que lhe deram consistência; não espanta, pois, que circunstâncias contrárias a tenham transformado.
Esta tão flexível variação e estas contradições que em nós se vêem, fizeram com que alguns imaginassem termos duas almas, e que outros supusessem que dois poderes nos acompanham e agitam, cada qual à sua maneira, um tendendo para o bem, o outro para o mal, já que tão brutal diversidade não poderia atribuir-se a uma só entidade.Não somente o vento dos acidentes me agita consoante a direcção para que sopra, mas, ademais, eu agito-me e perturbo-me a mim próprio pela instabilidade da minha postura; e quem, antes do mais, se observar, nunca se achará duas vezes no mesmo estado. Confiro à minha alma ora um rosto ora outro, conforme o lado sobre que a pousar. Se falo de mim de diferentes maneiras é porque de maneiras diferentes me observo. Toda a sorte de contradições se podem encontrar em mim sob algum ponto de vista e sob alguma forma. Envergonhado, insolente; casto, luxurioso; tagarela, taciturno; duro, delicado; inteligente, estúpido; irascível, bonacheirão; mentiroso, veraz; douto, ignorante; generoso, avaro e pródigo: tudo isto vejo em mim de algum modo, conforme para onde me viro. Quem quer que se estude a si próprio muito atentamente, encontra em si, e até no seu mesmo juízo, igual volubilidade, igual discordância. Não há nada que eu possa dizer de mim numa só palavra de modo absoluto, único ou inabalável, sem incluir mesclas ou misturas». In Michel de Montaigne, Ensaios - Da Inconstância das Nossas Acções

Cortesia de poemas-poestas
Uma Discussão nesta Santa Terra Portuguesa Acaba sempre aos Berros
«Não há maneira. Por mais boa vontade que tenham todos, uma discussão nesta santa terra portuguesa acaba sempre aos berros e aos insultos. Ninguém é capaz de expor as suas razões sem a convicção de que diz a última palavra. E a desgraça é que a esta presunção do espírito se junta ainda a nossa velha tendência apostólica, que onde sente um náufrago tem de o salvar. O resultado é tornar-se impossível qualquer colaboração nas ideias, o alargamento da cultura e de gosto, e dar-se uma trágica concentração de tudo na mesquinhez do individual». In Miguel Torga, Diário (1940)

Cortesia de osdonosdaverdade
A Verdadeira Natureza Humana
«A humildade fica perto da disciplina moral; a simplicidade de carácter fica perto da verdadeira natureza humana; e a lealdade fica perto da sinceridade de coração. Se um homem cultivar cuidadosamente essas coisas na sua conduta, não estará longe do padrão da verdadeira natureza humana. Com a humildade, ou uma atitude piedosa, um homem raramente comete erros; com a sinceridade de coração, um homem é geralmente digno de confiança; e com a simplicidade de carácter é comummente generoso. Cometerá poucos erros». In Confúcio, A Sabedoria de Confúcio
 
Cortesia do Citador/JDACT