terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Os Abutres do Vaticano. Eric Frattini. «Apesar de tudo, as fugas continuaram e na terça-feira, 24 de Abril de 2012, o Sumo Pontífice ordenou a criação de uma Comissão Cardinalícia de Investigação…»

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Os Abutres do Vaticano

O início de tudo

«Os Sclvicos de Informação da Gendarmaria do Vaticano puseram-se de imediato em movimento, bem como os Serviços de Inteligência da Santa Sé. 'Iodos os agentes tinham e mesma ordem: descobrir quem se encontrava por detrás da fuga de documentos privados. O padre Federico Lombardi denunciou publicamente e existência de um Wikileaks no coração da Santa Sé com o intuito de desacreditar a Igreja, dado que as fugas de documentos privados do Vaticano aos meios de comunicação italianos mostravam claramente os duros confrontos entre os departamentos da cúria, as lutas de poder entre bertonianos e diplomatas no seio da Secretaria de Estado, a corrupção no IOR, o mau gasto e o esbanjamento em secções da Governação, tentativas para assassinar o Pepa, etc.

Contudo, apesar de todos os comentários, editoriais e títulos dos principais meios de comunicação social acerca dos documentos revelados, Bento XVI saiu em defesa do seu número dois, o cardeal secretário de Estado Tarcísio Bertone. Os documentos exibidos no programa de Nuzzi tentavam apresentar Bertone e o seu aliado, o cardeal Giuseppe Bertello, o todo-poderoso chefe da Governação do Estado da Cidade do Vaticano, como opositores acérrimos das novas orientações cle Bento XVI no sentido da cooperação financeira com as autoridades monetárias internacionais, com o objectivo de o Vaticano entrar na 1ista branca do Conselho de Europa, na qual se encontram todos os Estados que combatem o branqueamento de capitais, a evasão fiscal e o financiamento de terrorismo.

Apesar de tudo, as fugas continuaram e na terça-feira, 24 de Abril de 2012, o Sumo Pontífice ordenou a criação de uma Comissão Cardinalícia de Investigação, presidida pelo cardeal espanhol Julian Herranz, um homem da Opus Dei. A primeira reunião do comité decorreu na sexta-feira, 27 de Abril e, nessa mesma reunião, ficou estabelecido o calendário de trabalho e o método operacional para encontrar os culpados das fugas. Na terça-feira, 1 de Maio, realizou-se uma reunião de altos cargos da AISI (Âgência de Informação e Segurança Interna), dos Serviços de Inteligência italianos e uma representação da Entidade, o Serviço Secreto do Vaticano, e da Gendarmaria. No encontro, os italianos informaram os seus homólogos do Vaticano de que a fuga provinha do círculo muito, muito próximo do Sumo Pontífice». In Eric Frattini, Os Abutres do Vaticano, 2012, Bertrand Editora, 2013, ISBN 978-972-252-598-5.

Cortesia de BertrandE/JDACT

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