Cortesia da CMPortalegre
O Castelo de Alegrete, no Alentejo, ergue-se na localidade de Alegrete, Concelho e Distrito de Portalegre. Estrategicamente postada, desde a Idade Média constitui-se numa das mais importantes fortificações do Alto Alentejo raiano, peça fundamental no sistema defensivo da região. Actualmente, apresenta potencial para se constituir em importante pólo de atracção turística para esta região que se ressente da sua interioridade.
Na época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a povoação e sua defesa foram conquistadas pelas forças de D. Afonso Henriques, segundo a tradição, em 1160. Entretanto, as primeiras informações documentais a seu respeito datam do século XIII, uma vez que, pelos termos da Convenção de Badajoz (16 de Fevereiro de 1267), assinada entre Afonso III de Portugal e o seu sogro, Afonso X de Castela, a povoação de Alegrete e seu castelo foram definitivamente incorporados ao território de Portugal. O soberano português procedeu-lhe reparos e reforços, obras que se estenderam até ao reinado de D. Dinis quando a povoação recebeu a sua Carta de Foral em 1319.
No contexto da crise de 1383-1385, a povoação e seu castelo tomaram partido pelo Mestre de Avis, tendo sido acampamento das forças portuguesas sob o comando do Condestável D. Nuno Álvares Pereira (8 de Abril de 1384), vitoriosas contra Castela na batalha dos Atoleiros. No reinado de D. Afonso V foi conquistada pelas tropas de Castela (1475). De volta à posse portuguesa, a povoação recebeu, a 14 de Fevereiro de 1516, o Foral Novo de D. Manuel I.
Quando da crise de sucessão de 1580, a posição do antigo castelo medieval readquiriu importância estratégica, na primeira linha de defesa raiana. Mais tarde, à época da Guerra da Restauração da independência portuguesa, D. João IV recompensou Matias de Albuquerque por serviços prestados concedendo-lhe o título de conde de Alegrete. No mesmo contexto, conta-se que, em 1662, estando a praça de Alegrete guarnecida por duas companhias de infantaria sob o comando de La Coste, cercada pelas tropas espanholas sob o comando de D. João de Áustria, aquele governador da praça remeteu ao comandante invasor duas botijas do generoso vinho da região, com uma nota comunicando que a guarnição portuguesa resistiria até à última gota daquele fermentado ali produzido. Diante deste gesto de galanteria, afirma-se que o invasor levantou o cerco à praça, retirando-se.
A partir de 1664 as suas defesas foram modernizadas e reforçadas em pontos específicos, sob a direção do marquês de Marialva.
No início do século XVIII, a povoação e sua fortificação resistem ao cerco das tropas de Filipe V da Espanha (1704), para mergulhar numa paz da qual só despertaria no início do século seguinte, quando aquartelou considerável número de tropas à época da chamada Guerra das Laranjas (1801). Por esta ocasião as suas defesas já se encontravam em considerável declínio, não tendo tido papel nos combates das Guerras Liberais que se registraram nas suas vizinhançasm entre as tropas do conde de Vila Flor e os realistas (1826).
Desde que o Concelho e Julgado de Alegrete foram suprimidos (26 de Junho de 1855), o seu castelo mergulhou no abandono e no esquecimento.
No século XX foi classificado como Monumento Nacional pelo Decreto/Lei nº 35.443, de 2 de Janeiro de 1946, até que, a partir de 1965 foram iniciadas obras de consolidação e restauro, a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). A partir de 1977 foram promovidas obras de consolidação na torre do castelo e demolidas alvenarias que tapavam as aberturas e as ameias. Mais tarde, a partir de 1984 foram promovidas obras de consolidação das muralhas e isolamento da entrada do castelo.
Exemplar da arquitetura militar gótica, apresenta planta rectangular, irregular. Na sua muralha, ao sul, rasga-se o portão, defendido por um pequeno torreão. Nas muralhas, a leste, ergue-se a torre de menagem, de planta rectangular com dois pavimentos, associada a uma cisterna, integrante do conjunto. O adarve, com acesso por escada de pedra, está alicerçado no terreno e disposto transversalmente ao pano da muralha. A defesa era complementada por uma cerca envolvendo a vila, ligando-a ao castelo. Em condições precárias de conservação, entre os poucos trechos conservados destaca-se a Porta da Vila, ladeada por dois cubelos defensivos, exemplar das portas góticas das cercas urbanas do período.
Como complemento, um texto da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos:
«Fortificação de pequena dimensão, com um forte domínio sobre a envolvente, com um traçado muito adaptado ao terreno rochoso existente. A vila apresenta, grosso modo, uma forma rectangular, com cerca de 110 m de comprimento e 80 m de largura. A alcáçova, na parte sul da vila, apresenta uma forma poligonal alongada muito irregular, com dez panos de muralha. No castelo, a Porta da Alcáçova está a nascente, a das Sortidas encontra-se a sul. Apresenta vestígios de Torre de Menagem, com restos de paredes, uma porta entaipada e a cisterna na sua base e, a oeste, a Torre parece ter tido uma pequena estrutura voltada para o pátio. Na zona sul da alcáçova temos vestígios de um cubelo.Na cerca urbana temos as Portas de Santana, a Sudoeste, Porta da Rua do Forno e Porta da Vila e ainda encontramos cinco cubelos, que complementam a muralha que chega a ter mais de seis metros de altura e dois de espessura. No cubelo, à esquerda da entrada da cerca, está a Torre do relógio. O casario distribui-se nas duas abas da linha de festo, definida pela Rua Direita. As ruas das Boas Razões e de Santa Maria correm paralelas aos lanços norte e sul da cerca. Todo o conjunto é envolvido pela muralha.
Cortesia dos Amigos dos Castelos
Esta apresenta panos verticais, de fácies medieval, com faces exteriores de pedra quartzítica aparelhada assente em fiadas regulares horizontais calçadas com xisto. O núcleo é em pedra irregular aglutinada com argamassa de cal e areia, de boa qualidade. São visíveis alguns traços de adaptação à defesa com artilharia e mosquete como por exemplo, plataformas de tiro rasante para canhões instaladas em frente da entrada batendo o arrabalde. Não se conseguem ver as trincheiras e é difícil perceber a adaptação dos parapeitos de muralhas às armas de fogo. As torres no circuito das muralhas terão sido suprimidas nos séculos XVII e XVIII».
História de Portugal/Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos/wikipédia/JDACT
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