(1889-1967)
Lisboa
Cortesia de bligig
Fidelino de Figueiredo notabilizou-se como professor, historiador e crítico literário, tal como na faceta de ensaísta e de intelectual cosmopolita. iniciando a sua vida profissional por se dedicar ao ensino e à vida política nos conturbados tempos que se seguiram à implantação da República. Exerceu vários cargos públicos:
- Funções no Ministério da Educação;
- Director da Biblioteca Nacional;
- Deputado;
- Fundou e dirigiu a Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos e a Revista de História (1912-1928).
Na área dos Estudos Literários, deixou uma vasta, fecunda e influente obra, nos campos da Crítica Literária e do Ensaio, da História e da Literatura Comparada, bem como da Teoría Literária.
O seu grande contributo reside no propósito de contribuir para a profunda modernização teórico-metodológica das disciplinas que integram esta área de conhecimento. Neste domínio, criticou frontalmente os pressupostos teoréticos e os resultados da historiografia de Teófilo Braga, de matriz romântico-positivista.
Cortesia de 30porcento
Neste esforço renovador, entre as suas grandes matrizes teóricas, destacam-se três:
- A crítica «científica» francesa de finais do séc. XIX e inícios do séc. XX;
- O influente pensamento hispanista de Miguel de Unamuno e M. Menéndez y Pelayo);
- A filosofia estética do italiano Benedetto Croce.
Foi ainda pioneiro na nova área da Literatura Comparada em Portugal:
- quer no domínio da sua conceptualização teórica,
- quer na elaboração de sugestivos estudos de crítica comparativista.
Ao mesmo tempo, patenteando um agudo sentido cívico e manifestas preocupações existenciais, dedicou-se a uma contínua reflexão ensaística, de natureza cultural e filosófica, mais acentuada no final da sua vida.
Cortesia de 30porcento
Fidelino de Figueiredo é há muito um autor esquecido mesmo por aqueles que contactam com a sua imensa Obra. A mais forte das razões para esta situação é a dificuldade em enquadrá-la no seu tempo. Com efeito, nascido no mesmo ano que, por exemplo, Vieira de Almeida, a sua actividade parece anterior (apesar de ter morrido até mais tarde). O que sucede é algo simples de compreender (o próprio Fidelino o observou) mas difícil de contrariar:
- o seu pensamento e mesmo a sua sensibilidade eram tributários de um século XIX, liberal e selecto, que não chegou a tempo de viver.
Algumas obras:
- História da Crítica Literária em Portugal, 1910;
- O Espírito Histórico, 1910;
- A Crítica Literária como Ciência, 1912;
- História da Literatura Romântica, 1913;
- História da Literatura Realista, 1914;
- Características da Literatura Portuguesa, 1915;
- História da Literatura Clássica, 3 vols., 1917-24;
- Estudos de Literatura, 5 vols., 1917-51;
- História da Literatura Portuguesa (Manual Escolar), 1918;
- Torre de Babel, 1924;
- Sob a Cinza do Tédio, 1925;
- História dum "Vencido da Vida", 1929;
- O Dever dos Intelectuais, 1930;
- Depois de Eça de Queirós, 1933;
- Pyrene: ponto de vista para uma introdução à história comparada das literaturas portuguesa e espanhola, 1935;
- Aristarchos: quatro conferências sobre Metodologia da Crítica Literária, 1939; Últimas Aventuras, 1941;
- Antero: quatro conferências, 1942;
- História Literária de Portugal (Sécs. XII-XX), 1944;
- A Luta Pela Expressão (Prolegómenos para uma Filosofia da Literatura), 1944;
- Um Pobre Homem da Póvoa de Varzim, 1945;
- Símbolos & Mitos, 1964;
- Ideias de Paz, 1967;
- Paixão e Ressurreição do Homem, 1967.
Leitor incessante, Fidelino correspondeu-se com numerosos estudiosos de muitas origens.
Cortesia de antiquabook
Cortesia de alfarrabiodiuminho
Sempre atento aos grandes temas do seu tempo, talvez melhor do que em outros temas seja no pensamento sobre as crises da época em que viveu que melhor se vê a marca original da sua Obra.
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