sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A Fortaleza de Juromenha: «Apesar de ter sido objecto de uma total reconstrução em 1312 por ordem de D. Dinis, a fortaleza foi entrando em progressiva decadência a partir do século XVI, só sendo revitalizada no período pós-Restauração, devido à sua importância estratégica»

Cortesia de CMAlandroal

A Fortaleza de Juromenha localiza-se na Freguesia de Nossa Senhora do Loreto, Concelho de Alandroal, Distrito de Évora. Entre a Guerra da Restauração e a Guerra Peninsular, sobre o rio Guadiana cuja travessia fechava, foi considerada uma das chaves da fronteira do Alentejo.
A povoação e o seu castelo foram conquistados desde 1167 pelas tropas do rei D. Afonso Henriques  auxiliado pelas forças do lendário Geraldo Sem Pavor. Como recompensa, o soberano nomeou este último como alcaide do castelo. Povoação e castelo retornariam às mãos dos muçulmanos, sob o comando do califa Almançor, em 1191, para serem definitivamente conquistadas por forças portuguesas, sob o comando de D. Paio Peres Correia, em 1242.

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Objecto de preocupação do rei D. Dinis, este lhe incrementou o povoamento, concedendo-lhe Carta de Foral em 1312 e lhe promoveu importantes reforços nas defesas. Passou, assim, a contar com muralhas de taipa revestidas em cantaria de granito e ardósia, às quais se adossavam 16 torres quadrangulares, dominadas por uma imponente Torre de Menagem que se alçava a 44 m de altura. O seu foral seria confirmado no reinado de D. João II, a 28 de Agosto de 1492, e a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas no seu Livro das Fortalezas (c. 1509).

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A opinião do IGESPAR:
«As primeiras referências ao sítio da Juromenha datam da segunda metade do século IX. Durante mais de duzentos anos este local foi considerado a praça-forte de defesa da zona de Badajoz, pertencendo desde o século X ao Califado de Córdova. Em 1167 D. Afonso Henriques conquistou a fortaleza, mas esta voltaria ao domínio do Califa Almasor em 1191. Este espaço de defesa do Guadiana só seria definitivamente reconquistado pela Coroa portuguesa em 1242.

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Apesar de ter sido objecto de uma total reconstrução em 1312 por ordem de D. Dinis, a fortaleza foi entrando em progressiva decadência a partir do século XVI, só sendo revitalizada no período pós-Restauração, devido à sua importância estratégica.
No ano de 1644 eram apresentados ao Conselho de Guerra de D. João IV três planos de fortificação de Juromenha, que tinham como objectivo adaptar a velha fortaleza medieval à artilharia seiscentista (ESPANCA, Túlio, 1978).

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O primeiro, desenhado pelo engenheiro italiano Pascoeli, terá sido imediatamente recusado; o segundo projecto, da autoria do Padre João Cosmander, foi escolhido pelo Conselho, embora algum tempo depois as obras tenham sido interrompidas devido aos elevados custos materiais e à inviabilidade técnica do mesmo. O terceiro plano, da autoria do engenheiro francês Nicolau de Langres, foi aprovado em 1646. As obras prolongaram-se pelos anos seguintes e decorriam ainda quando o paiol de pólvora explodiu em 1659, arruinando grande parte das estruturas já edificadas, bem como o antigo paço.
A fortaleza foi edificada segundo uma planta de modelo poligonal, composto por duas cinturas de muralhas, uma interna, onde se situa a torre de menagem, e outra externa, sendo esta de tipo abaluartado. No espaço interior da fortaleza foram edificadas as igrejas da Misericórdia e a matriz, bem como os antigos Paços do Concelho e respectiva cadeia, e uma cisterna de planta rectangular que abastecia a população.


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Esta fortificação obedece "ao sistema dominante da sua época em toda a Europa, vulgarmente chamado tipo Vauban" (Idem, ibidem). Com o terramoto de 1755 a fortaleza ficou muito afectada, sobretudo a área de edificação seiscentista, pelo que foram feitas obras de reconstrução, que englobaram a construção de um fortim nas muralhas junto ao Guadiana, para aportarem as barcas.
Devido à sua posição estratégica na defesa das linhas fronteiriças, a Fortaleza da Juromenha foi sendo sucessivamente atacada ao longo dos séculos. Se em 1662 as tropas de D. João de Aústria ocuparam durante seis anos a fortificação, que regressaria à posse da Coroa Portuguesa na Paz Geral de 1668, no início do século XIX, durante a Guerra Peninsular, a fortificação era tomada pelo exército de D. Manuel Godoy, só sendo recuperada em 1808.

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A partir de então foi entrando em progressiva decadência, e em 1920 ficou despovoada. No ano de 1950 a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais iniciou grandes obras de recuperação do espaço, numa campanha que se prolongou até 1996». In Catarina Oliveira, GIF/IPPAR/2005.

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