quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Maria Gabriela Llansol: A sua ficção caracteriza-se por uma hibridez de registos e de convocação, temporal e espacial de entidades, que no entanto assume uma coesão que lhe é dada por uma marca discursiva persistente e inconfundível

(1931-2008)
Lisboa
Cortesia de triplov

Maria Gabriela Llansol é considerada como uma das mais inovadoras escritoras da ficção portuguesa contemporânea. A sua escrita é também por vezes considerada hermética e de difícil leitura, sendo difícil aplicar designações tradicionais como conto, romance ou mesmo diário.


Cortesia de foleirices
«A herança paterna, presente «na verticalidade e na maneira frontal de olhar», e o legado catalão que lhe vem dos bisavós maternos, darão corpo de escrita ao nome Llansol. Concluídos os cursos de Direito e de Ciências Pedagógicas, Maria Gabriela inicia um trabalho de experiência pedagógica que terá continuidade na Bélgica, na chamada Escola da Rua de Namur, em Lovaina (1971-1979), onde põe em prática uma experiência inovadora com a linguagem.

Cortesia de headandneckdanieldesousa
É já a busca de uma língua «nova«, a «língua sem impostura», tão presente em Um Beijo Dado Mais Tarde (1990), a que fará surgir um texto «novo». Na sua vasta obra, Maria Gabriela Llansol mostra como a experiência do real se transfigura em realidade no texto – «escrever é o duplo de viver».
O CCB homenageia-a com um dia da sua programação e uma exposição que reinventa os lugares da sua itinerância europeia». In Agenda do CCB.


Cortesia de mtiagopaixao
«Porque se eu respondesse "porquê" criava uma relação de causa e efeito. Ora, eu não sinto em mim o porquê de escrever, como eu não sinto em mim o porquê de beber ou o porquê de olhar. Há a constatação de uma realidade: e nasci constitutivamente assim, escrevendo». Uma frase-resposta ao JN de Gabriela Llansol.

Cortesia de actounico
Maria Gabriela Llansol é um caso ímpar na ficção contemporânea, de jorrante, inesperada e original criatividade. A sua forte personalidade e o seu estilo muito próprio afirmaram-se desde 1957, com as narrativas de Os Pregos na Erva, consolidando-se com O Livro das Comunidades, e com todas as obras posteriores, de que saliento:
  • Causa Amante 1984;
  • Contos do Mal Errante 1986;
  • Da Sebe ao Ser 1988;
  • Amar um Cão 1990;
  • ( ... )
  • Lisboaleipzig I 1994. O encontro inesperado do diverso;
  • Lisboaleipzig II 1994. O ensaio de música;
  • A Terra Fora do Sítio 1998;
  • ( ... )
  • O Começo de Um Livro é Precioso 2003;
  • O Jogo da Liberdade da Alma 2003;
  • Amigo e Amiga. Curso de silêncio de 2004 (2006).

Cortesia de fragmentosculturais
Aliando a subjectividade enunciativa a um forte pendor mítico de implicação lírica, que funda numa visão da vida e do mundo de tipo religioso herético, sensualista e naturalista, a sua ficção caracteriza-se por uma hibridez de registos e de convocação, temporal e espacial de entidades, que no entanto assume uma coesão que lhe é dada por uma marca discursiva persistente e inconfundível.

Cortesia de wikipédia/CCBelém/JDACT