domingo, 3 de abril de 2011

Navegações Portuguesas: Família Albernaz (segunda parte). Parte XIX. «Esta família de cartógrafos entronca-se na dos Teixeira, sendo os irmãos João Teixeira Albernaz (I) e Pedro Teixeira Albernaz filhos de Luís Teixeira. Além de outros autores de trabalhos menores, como Estevão Teixeira, integra também esta família João Teixeira Albernaz (II), neto do seu homónimo»

(c. 1595-1662)
Lisboa
Cortesia de wikipedia

«Seu irmão Pedro Teixeira, nasceu em Lisboa no final do século XVI, tendo desenvolvido a sua actividade em Espanha, a partir de 1619, quando aí se dirigiu com seu irmão João, a fim de cartografarem os locais constantes da relação de viagem dos irmãos Nodal. Enquanto seu irmão regressou a Portugal, findo o trabalho, Pedro optou por ficar em Madrid ao serviço de Filipe III. É escassa a sua produção conhecida, mas sabemos que desapareceram várias cartas deste cartógrafo. Entre elas, é justo destacar uma que continha a representação do Delta do Amazonas, para além da descrição da costa de Espanha, da qual existem várias cópias, mas que não incluem as cartas. Em 1623 vêmo-lo, juntamente com seu irmão, a examinar João Baptista de Serga. Dedicou-se principalmente a executar levantamentos topográficos, talvez por influência de João Baptista Lavanha.

Cortesia de lagospt
A sua produção compõe-se:
  • da Carta dos Estreitos de S. Vicente e Magalhães, de 1621, executada em colaboração com seu irmão;
  • de uma Planta de Madrid, de 1656, existente na Biblioteca Nacional de Paris;
  • da Carta de Portugal, gravada em Madrid em 1662. Em 1722 Manuel de Azevedo Fortes, afirmava que esta última ainda era a melhor carta de Portugal. Os levantamentos necessários teriam sido executados entre 1622 e 1630.
Desconhecemos porque motivo levou tanto tempo a elaborar esta carta, que serviu de modelo a várias cartas de Portugal impressas no estrangeiro.

Cortesia de amigosdepeniche  
São escassos os dados biográficos sobre o cartógrafo João Teixeira Albernaz II, o Moço, sendo que alguns já foram referidos quando tratamos de Albernaz I, que, por vezes, se confundem na documentação. No parecer de Manuel Pimentel a que já fizemos referência, este indica que João Teixeira Albernaz II, é neto de Albernaz I, dizendo, também, que fazia cartas com perfeição. Sabemos igualmente que ainda se encontrava vivo em 1699.

Na sua obra, nota-se a grande influência recebida de seu avô, que foi seu mestre, mas o traçado da letra e iluminuras são menos cuidados. Os Atlas do Brasil repetem, embora com alguns progressos, o que seu avô já tinha desenhado, embora tenham o mérito de ter influenciado a cartografia holandesa.
A sua obra mais importante é:
  • o Atlas de África de 1665, única no seu género, tendo sido encomendada por um francês, o que demonstra a procura da cartografia portuguesa no estrangeiro, ainda nesta época. Uma carta sua foi usada na Conferência de Badajoz (1681), a propósito da questão da Colónia do Sacramento, afirmando os seus membros que João Teixeira Albernaz II, o Moço era conhecido em toda a Europa.
É bastante vasta a sua produção cartogáfica, sendo de destacar as seguintes Cartas:
  • a Carta de 1655;
  • a Carta de 1665;
  • a Carta de 1667, que terá influenciado, possivelmente, o desenho holandês da Terra Nova;
  • a Carta de 1675;
  • a Carta de 1676, que tal como a de 1655, representa o Atlântico e o Índico, na qual estão marcadas as posições de um navio, o que indica que foi usada para a navegação;
  • a Carta de 1677;
  • a Carta de 1679, que foi usada na Conferência de Badajoz;
  • um fragmento de uma Carta de 1681, existente em Évora.


Cortesia de doportoenaoso
Para além das cartas atrás referidas, vários Atlas são da sua autoria: o Atlas de África, de 1655, que se encontra em Paris, é bastante preciso e o seu levantamento foi feito por ordem Real. Esta obra de 62 folhas e 29 cartas foi usada para publicações francesas; o Atlas do Brasil, de 1666, com 31 cartas, encontra-se no Ministério das Relações Exteriores do Rio de Janeiro; o Atlas de c. de 1666 contém 29 cartas, fez parte do códice de Diogo Barbosa Machado, Mappas do Reino de Portugal, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. É muito semelhante às outras obras deste autor, mas não está assinado; um Atlas de c. de 1675, composto por 32 cartas, que pertenceu ao Cosmógrfo-Mor Manuel Pimentel.



Os quatro Atlas são muito semelhantes, abrindo com uma carta geral do Brasil, seguindo-se depois as particulares. João Teixeira Albernaz II segue em geral o padrão desenhado por seu avô, João Teixeira Albernaz I». In Augusto Quirino de Sousa, Instituto Camões.

Cortesia de Instituto Camões/JDACT