Rainha Isabel, filha do infante D. Pedro
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«Em 1446 D. Afonso V atingiu a maioridade (14 anos) e D. Pedro entregou-lhe o poder. O rei pediu-lhe, no entanto, que continuasse em exercício de funções para o auxiliar nas tarefas da governação. Foi então que elementos da grande nobreza (o conde de Barcelos / duque de Bragança e o conde de Ourém, entre outros), opostos às políticas de D. Pedro, começaram a rodear o novo rei e a pressioná-lo para que governasse sem a influência do Infante.
Em 1448, D. Pedro, desgostado e já num clima de tensão criado pelos inimigos, abandonou o poder, retirou-se da corte e foi para as suas terras de Coimbra. Os seus inimigos continuaram o processo de ajuste de contas, acusando-o de diversos crimes e convencendo disso o rei; este, em 1449, ordenou então a D. Pedro que entregasse as armas guardadas na cidade de Coimbra e que deixasse passar nas suas terras as hostes do duque de Bragança, seu principal inimigo. O Infante recusou e, depois de falhadas as diversas tentativas de reconciliação com o rei, que passou a considerá-lo traidor, dirigiu-se com o seu exército para o sul, encaminhando-se para Lisboa, até Alfarrobeira, onde o exército real o aguardava. Ainda hoje não se consegue interpretar este acto nem saber os seus motivos, já que D. Pedro sabia que o rei estava contra ele e que um exército desproporcionado o esperava. Uma hipótese plausível:
- a de que buscou deliberadamente a morte, em compromisso mútuo com o seu amigo e apoiante, o conde de Avranches, de que mais valia «morrer grande e honrado do que viver pequeno e desonrado» e de que «quando melhor não pudesse ser, (bom era) de morrer no campo (de batalha)».
Isabel de Portugal, irmã do infante D. Pedro
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A batalha com as tropas do rei ocorreu no dia 20 de Maio de 1499, em Alfarrobeira, onde D. Pedro morreu e as suas tropas foram destroçadas. Depois de abandonado no campo durante três dias, o seu corpo foi discretamente enterrado na igreja de Alverca e trasladado mais tarde para Abrantes. A notícia da sua morte e do tratamento indigno do seu corpo foi criticamente recebida tanto pelo ducado da Borgonha (de que sua irmã Isabel era a duquesa) como pelo Papado, o que obrigou o rei a más desculpas e a justificações pouco convincentes. Só em 1455, numa cerimónia de apaziguamento da família real, foi autorizada a sua sepultura no mosteiro da Batalha. Iniciara-se entretanto o processo da maldição da sua memória: a sua morte não bastou aos inimigos, foi-lhes necessário apagar na historiografia oficial (crónicas) a recordação do seu nome e dos seus feitos...
A Batalha de Alfarrobeira e a morte de D. Pedro marcaram uma viragem de retrocesso histórico no país. Durante mais de 30 anos a grande nobreza feudal aumentou o seu poder económico e dominou politicamente o rei e o estado, em desfavor dos interesses e direitos dos povos e dos concelhos. E a expansão orientou-se para uma política de conquistas marroquinas, mais de acordo com os interesses da nobreza, sendo secundarizada a exploração marítima da costa africana: nos 12 anos seguintes ao seu governo não se descobriram mais do que 94 léguas...
Foi preciso esperar pela década de 70 e pela subida ao trono de D. João II, em 1481, para que as políticas de expansão marítima e de centralização do poder real de D. Pedro assumissem de novo um papel determinante e irreversível na história portuguesa.
Imagem Física, moral e social
Não se conhece ao certo nenhum retrato do Infante D. Pedro, ainda que ele esteja representado nos Painéis de S. Vicente, possivelmente na figura que se apresenta, do Painel dos Cavaleiros, dada a congruência com a sua descrição física directa:
- «Homem de grande corpo, e de seus membros em todo proporcionado, e de poucas carnes; teve o rosto comprido, nariz grosso, olhos um pouco moles, os cabelos da cabeça crespos, e os da barba algo tanto ruivos como inglês...» (Rui de Pina, “Crónica de D. Afonso V”).
Ou indirecta, a partir de um retrato seu, hoje perdido, que existiu no Mosteiro de Odivelas:
- «... o rosto somente tinha na cabeça uma caraminhola em modo de barrete de veludo carmesim que parece que se usava naquele tempo, o rosto comprido, e o pescoço muito comprido, com um nó muito grande na garganta...». (Anónimo, "Manuscrito do Rio de Janeiro").
Note-se que as características físicas referidas, bem como a figura apresentada dos Painéis, o revelam parecido com a irmã Isabel, duquesa da Borgonha, de quem se conhecessem dois retratos». In José Ermitão Wikipédia.
Continua
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