Cortesia de rochoso
Um Pouco de História.
«O passado não é mais do que a prefiguração do futuro, disse Mircea Eliade, e, na verdade, é impressionante como vislumbramos nos lusitanos algumas das características que marcam os portugueses actuais, como é o caso do seu espírito marcadamente individualista e da velha astúcia lusitana tão eficiente contra os romanos e que se reflecte, hoje em dia, no tão característico «espírito de desenrasca» do português. As tribos lusitanas viviam independentes entre si, embora mantendo uma certa identidade cultural comum e aliando-se quando havia perigo, tal como aconteceu na época da invasão romana, no século II a. C.. Sobre os lusitanos, afirmou Júlio César:
- «existe um povo nos confins da Ibéria que não se governa nem se deixa governar». Foi realmente um escolho muito complicado para as «invencíveis» legiões romanas.
Após a traição de Galba que chacina 9 000 lusitanos e vende 20 000 como escravos na Gália, estes organizam-se em torno de Viriato que, graças ao seu génio militar, se assume como caudilho incontestado, aplicando sucessivos revezes às hostes romanas comandadas por Galba, Luculo, Vetílio, Pláncio, Fábio, Serviliano e Cipião. Só através da traição Viriato foi eliminado. As vitórias dos lusitanos sobre o melhor exército do mundo de então, sobre as tropas que tinham vencido o temível Aníbal de Cartago, foram absolutamente impressionantes.
Cortesia de esquilo
Pelo menos desde essa época até hoje, os lusitanos e, posteriormente, os portugueses, foram sempre excelentes na arte da guerra, só necessitando para a sua glória de líderes à altura (acontece o mesmo fenómeno no campo político). No século passado, frente às tropas napoleónicas, isto ficou claramente demonstrado (as cartas de Wellington são disso um testemunho valioso). O português gosta da paz, não deseja a guerra, mas quando esta lhe é imposta pelas circunstâncias, adquire uma força quase mágica em combate. Este foi, com certeza, um dos factores que criou um clima tão favorável à presença dos cavaleiros do Templo (verdadeira tropa de elite) em Portugal.
Ainda em relação aos romanos, existe um fenómeno que tem passado despercebido. Quando Júlio César invadiu a Gália, lançou uma perseguição feroz aos druidas por razões políticas. Os druidas, embora anteriores, foram os sacerdotes e os sábios dos celtas. Possuíam o conhecimento secreto das ciências esotéricas. Da mesma maneira que, na Idade Média, Portugal serviu de refúgio para os Templários (quando extintos), judeus, cristãos heterodoxos... este mesmo território poderá ter sido também o refúgio de druidas - isto, claro, sem negar que a grande maioria se terá refugiado nas Ilhas Britânicas.
Cortesia de esquilo
Ora, sabendo que os povos da Galécia romana, situava-se a norte do Douro, tinham evidentes raízes celtas é mais do que provável que muitos druidas tivessem vindo para estes lugares. Ainda hoje existem regiões no centro e norte do país com muitos carvalhos, que eram os templos dos druidas.
Tanto os celtas como os lusitanos foram povos muito religiosos:
- acreditavam convictamente na imortalidade da alma, no além e nos poderes da Magia (Magna ciência). Eram panteístas, adoravam o Sol, que sempre foi considerado o símbolo mais perfeito do espírito para a generalidade dos povos antigos, os bosques, a Terra e, em geral, todas as forças e fenómenos da Natureza. Tinham os seus deuses, dos quais destacamos Endovélico e Ategina (desta existe um ex-voto de bronze em Évora).
Noutra perspectiva, podemos ver no caldeirão do deus Dagda dos celtas um simbolismo semelhante ao do Graal. Aliás, toda a lenda dos cavaleiros da Távola Redonda e do Graal tem um indiscutível substrato celta». In Paulo Alexandre Loução, Os Templários na Formação de Portugal, Ésquilo, 9ª edição, 2004, ISBN 972-97760-8-3.
Cortesia de Ésquilo/JDACT