sexta-feira, 2 de junho de 2017

O Cerco de Campo Maior em 1801. António Ventura. «Matias José Azedo, ao tempo com 62 anos, assumia o cargo de Secretário da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, desde 1 de Outubro de 1820 até 26 de Janeiro do ano seguinte»

jdact

«(…) Por muitos anos foi lente da Academia de Fortificação. A Academia de Fortificação fora fundada em 13 de Junho de 1647 e instalada na Ribeira das Naus. Nela brilhou, no século XVII, o engenheiro Luís Serrão Pimentel, autor do célebre livro Método Lusitano (1680), a primeira obra dedicada à fortificação escrita em português. Passou a chamar-se Real Academia Militar e foi extinta em 3 de Agosto de 1779, depois de ter tido uma actividade irregular nos últimos anos. Quando Luís Pinto Sousa, futuro visconde de Balsemão, ao tempo Ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, criou a Academia de Fortificação e Desenho Militar, aberta solenemente no dia 20 de Janeiro de 1790, com a presença de muitos grandes do reino, oficiais generais, e oficiais de infantaria e engenharia, foi Matias José Dias Azedo, ao tempo lente do primeiro ano da mesma Academia, quem leu o discurso de abertura.
Matias Azedo assistiu às reparações da praça de Almeida, dirigiu superiormente a restauração das fortificações da praça de Valença, em 1809, e as operações defensivas da província do Minho, no mesmo ano. Em 1810, voltou a dirigir os trabalhos em Valença, e na ordem do dia, de 16 de Dezembro de 1810, era nomeado comandante do Corpo de Engenheiros, lugar que exerceu até falecer. Na lista de antiguidades de princípios de 1811 é dado na situação de lente da Academia Real de Fortificação, com a observação de ter exercido, depois de lente, várias comissões, especialmente a do governo de Campo Maior, em 1801.
Foi nomeado inspector do Arquivo Militar em 21 de Fevereiro de 1812; encarregado da inspecção das linhas de defesa de Lisboa e praça de Peniche em 3 de Junho de 1814, e novamente em 27 de Dezembro de 1816; membro da junta do Código Penal Militar em 17 de Maio de 1816, comissão que exerceu até 20 de Fevereiro de 1820 data em que foi concluído o projecto do código, mandado pôr em execução por alvará de 17 de Agosto do mesmo ano. Foi nomeado Conselheiro de Guerra em 17 de Dezembro de 1817. A 24 de Agosto de 1820 eclodiu no Porto um pronunciamento liberal. A 15 de Setembro, dia em que se celebrava na capital o aniversário da partida dos franceses, o Regimento de Infantaria 16 deixou o seu quartel em direcção ao Rossio, aclamando a futura constituição. Este pronunciamento, chefiado por um oficial subalterno, Aurélio José Morais, teve uma entusiástica adesão por parte do povo e de outras unidades da capital. O general conde de Resende apoiou a revolta, constituindo-se um governo provisório presidido por Gomes Freire Andrade (Principal Decano da Sé Patriarcal), conde de Sampaio, conde de Resende, conde de Penafiel, Filipe Ferreira Araújo Castro, pelo tenente general Matias José Dias Azedo e por Hermano José Braancamp Cruz Sobral.
Desse modo, Matias José Azedo, ao tempo com 62 anos, assumia o cargo de Secretário da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, desde 1 de Outubro de 1820 até 26 de Janeiro do ano seguinte. Foi também nomeado Inspector das Fortificações do Reino em 1 de Janeiro de 1821, poucos dias podendo exercer o cargo, visto ter falecido a 11 de Fevereiro». In António Ventura, O Cerco de Campo Maior em 1801, Edições Colibri, Centro de Estudos Documentais do Alentejo, 2001, ISBN 972-772-270-9. 
Cortesia de EColibri/JDACT