As
primeiras prostitutas da história. Demóstenes
«(…)
A autora
explica que a forma patriarcal de casamento, em que o marido literalmente é
dono da esposa e dos filhos, aprofundou mais ainda o abismo entre a esposa e a
prostituta, na medida em que as instituições religiosas e políticas masculinas
foram crescendo. Ao mesmo tempo, as leis que cercavam as prostitutas e o seu
trabalho tornaram- se mais opressivas, conta Nickie. Segundo ela, durante toda
a história da Mesopotâmia e do Egipto, o sexo era ainda considerado sagrado e,
apesar das leis, não havia uma moralidade puritana a estigmatizar as mulheres
que se sustentavam vendendo sexo.
A Suméria
criou a segregação feminina ao colocar em lados opostos a esposa obediente e a
prostituta má. Júlio Gralha, lembra que a visão sobre as prostitutas da época é
pouco documentada de forma escrita, mas pode ser inferida pelas imagens das
iconografias. Pela análise da iconografia, a prostituta existia no Egipto e actuava
de forma remunerada. Há contos iconográficos, cómicos, em que a prostituta é
vista como poderosa, o homem não aguenta. Como aparecem o colar e outros
símbolos ligados à deusa, elas são vistas como protegidas. A prostituição não
era algo repulsivo ou condenado pela religião.
Um
negócio organizado na Grécia
Com o
passar do tempo, a independência sexual e económica da prostituta tornou-se uma
ameaça à autoridade patriarcal. Por isso, a religião da deusa foi combatida
pelos sacerdotes hebreus e, aos poucos, suprimida. Os rituais sexuais viraram
pecados graves e as sacerdotisas, pecadoras. As principais religiões
patriarcais que se seguiram, o cristianismo e o islamismo, reconheceram o
impacto devastador do estigma da prostituta na divisão e regulamentação das
mulheres. A Grécia antiga foi uma típica sociedade patriarcal. As mulheres não
podiam participar da vida política e social. No entanto, como aconteceu a todas
as sociedades antigas, os primeiros habitantes da Grécia foram povos adoradores
da deusa, afirma Nickie. Os deuses masculinos só vieram mais tarde, por volta
de 2.000 a.C., com os invasores indo-europeus. As duas culturas fundiram-se e
produziram o híbrido que chegou até nós. Basta lembrar que Zeus, divindade
suprema indo-europeia, casou-se com Hera, poderosa deusa sobrevivente do culto
anterior. A negação total do poder da mulher na sociedade grega é decorrente do
governo de uma série de ditadores homens. Sólon, que governou Atenas na virada
do século VI a. C., foi o principal deles, tendo institucionalizado os papéis
das mulheres na sociedade grega. Passaram a existir as boas mulheres,
submissas, e as outras.
Símbolos
às avessas
Maria
Madalena, famosa prostituta arrependida da Galileia, representa que, para ser
salva, a mulher precisa abandonar a profissão. Conhecida como a ex-prostituta
da Galileia, Maria Madalena foi uma das mais fiéis seguidoras de Jesus Cristo.
De acordo com a Bíblia, ela estava presente na sua crucificação e no seu
funeral. Foi ela quem encontrou vazio o túmulo de Jesus, ouviu de um anjo que
ele havia ressuscitado e foi dar a notícia aos apóstolos. Segurando
duvidosamente um crucifixo, o quadro Madalena penitente, de Francesco Hayez
(1825), mostra Maria Madalena fugindo da morte e culpada, por intermédio da
religião». In Patrícia Pereira, As prostitutas na História,
Jacques Rossiaud, A Prostituição
na Idade Média, 1991, Margareth Rago, Os Prazeres da Noite, 2008, Revista
Leituras da História, wikipédia, 2009.
Cortesia de
RLKdaHistória/JDACT