terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Convento de Cristo. Tomar: «A Capela do Cruzeiro, que ocupa todo o braço superior do esquema em cruz desenhado pelos corredores, forma um quadrado, em cujo centro se levanta o trono altar. Colocada nesta capela, está uma imagem de barro representando o ‘Senhor da Cana Verde, 1654’»

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Claustro de D. João III
«Começou-se pelo lanço de mais urgente serventia, isto é, o que desse passagem do Dormitório para a Igreja e Coro (a data de 1562 está gravada no fecho da abóbada do ângulo norte-nascente. defronte das escadas que foram rasgadas para o referido acesso), mas colando-se ao flanco da Igreja e entaipando as duas janelas do topo sul da antiga sacristia. Todo este novo projecto é um retorno ao classicismo, repelindo a exuberância decorativa do chamado ‘manuelino’.

Falecendo Torralva, sucedeu-lhe, em 1564, Francisco Lopes e, depois, já no tempo de Filipe II, o arquitecto Filipe Tércio, vindo a conclusão da obra a ser dirigida por Pedro Fernandes de Torres que também assina a fonte maneirista de cascata que campeia a meio do piso térreo do claustro, num desenho em cruz, «com seu lago em volta, e duas taças para a água cahir em lençoes, tudo de pedra lavrada com muita diversidade de esculptura» (ViIhena Barbosa, 1886). A Tércio, igualmente se atribui o lavabo do ângulo poente-norte do piso térreo, que tem no tímpano, a data 1593, quatro anos antes do falecimento do arquitecto, bem como o "projecto da galeria superior e ainda de várias alterações nos elementos exornativos da galeria inferior” (M. da Conceição P. Coelho, 1987).

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O Claustro
Também conhecido pela designação de Claustro dos Filipes ou Claustro Principal, é de dois pavimentos, com galerias abobadadas de artesoado geométrico, sendo a cobertura em terraço, o chamado Terraço da Cera, por ter sido usado para secar os favos dos cortiços que a Ordem possuía nas vizinhanças do Convento. O piso térreo tem quatro lanços, cada um com três grandes arcos de volta inteira, assentes em largos pilares, por sua vez chapados com colunas toscanas, cujos capitéis culminam num entablamento clássico. No espaço que medeia entre cada par de colunas. rasga-se um portal encimado por fenestra.
No piso superior, a galeria é também de quatro lanços, com correspondentes arcos em número igual aos de baixo, mas de menor desenvolvimento, e assentado sobre pilares jónicos e separados por largas fendas.

Na verga da porta de acesso à escada que, do primeiro piso do claustro, dá acesso ao Terraço de Cera, ângulo sudoeste, tem a inscrição IHVS. A cobertura das escadas helicoidais é feita por guaritas de idêntica secção, cobertas de cúpulas semiesféricas com pináculos.

O Senhor da Cana Verde
Jdact e cortesia de tumblr

Corredor das celas ou do Dormitorio
Concretizado em forma de cruz latina, é constituído por dois grandes e largos corredores. Cinco amplas janelas iluminam os corredores, duas nas extremidades dos braços. abrindo-se, a do norte, na frontaria do Convento e a do sul para a varanda poente, a terceira na Capela do Cruzeiro e as restantes, uma no topo poente, deitando para o pátio dos Carrascos e a outra, a meio do corredor poente, deitando para o Claustro da Micha. A janela do topo norte está dividida por uma coluna, por cima da qual está gravada a data de 1541.
Ambos os corredores, com paredes revestidas, no terço interior, por azulejos azuis e brancos, têm por cobertura uma abóbada de berço, apainelada de madeira de carvalho, apenas interrompida, no seu ponto de encontro, por um amplo lanternim, ao gosto decorativo da insuperável primeira fase renascença, que se completa na Capela do Cruzeiro, encimado por um friso, também renascentista, com dois grifos em baixo-relevo e a data de 1533.

Esta Capela do Cruzeiro, que ocupa todo o braço superior do esquema em cruz desenhado pelos corredores, forma um quadrado, em cujo centro se levanta o trono altar. Tem por cobertura uma abóbada de berço artesoada, constituída por um conjunto completo de 91 caixotões quadrangulares, em baixo-relevo, invulgar decoração pela multiplicidade e heterogeneidade dos seus motivos decorativos, sem unidade visual ou iconográfica. Colocada nesta capela, está uma imagem de barro representando ‘Cristo na varanda de Pilatos’, conhecida também pela designação popular de ‘Senhor da Cana Verde, 1654’. O actual portão de ferro que resguarda este espaço, foi aqui colocado em 1921». In Luís P. dos Santos Graça, Convento de Cristo, Instituto Português do Património Cultural, Edição ELO 1991, ISBN 972-9181-08-X.

Cortesia de Instituto Português do Património Cultural/JDACT