quarta-feira, 25 de março de 2015

Dez Enigmas no Mar. Américo Faria. «… uma enorme massa de água do Mediterrâneo projectou-se violentamente sobre o Oceano Atlântico, originando a submersão do antigo continente, que outrora quase ligava a África à América…»

Cortesia de wikipedia e jdact

A Atlântida Existiu?
«Existiu, realmente, a Atlântida ou, pelo contrário, deve-se tal hipótese a uma fantasia de  Platão, expressa nas suas duas obras Timéa e Critias? Era um país, diz o grande filósofo, que ficava situado além das colunas de Hércules (isto é, do moderno estreito de Gibraltar até às ilhas de Cabo Verde). Essa ilha era mais vasta do que a Líbia e a Ásia reunidas, e os navegantes passavam dela para outras ilhas e destas para o continente que borda esse mar. Referia-se evidentemente à América. Num outro passo, o fundador da famosa Academia grega acrescenta: Nessa ilha, Atlântida, os reis tinham formado uma grande ,e maravilhosa potência, que a dominava por inteiro e a muitas outras, estendendo-se, também, até certa parte do continente. Além disso, nas nossas terras, aquém do estreito, eram senhores da Líbia até ao Egipto e da Europa até Tirrenaica. Tais reis teriam feito, em tempos remotíssimos, guerra contra Atenas. O seu povo, além do mais, teria atingido elevada civilização. Mas, enquanto uns acreditam na existência do celebrado continente, outros põem-na em dúvida.
Inegavelmente, a maioria dos sábios está de acordo em que um dos numerosos cataclismos que revolucionaram o Globo terrestre fez desaparecer por submersão o lendário império. A sua localização seria precisamente onde hoje se estende o tapete quase infindável das águas do Atlântico. Os arquipélagos da Madeira e dos Açores, segundo essa teoria, seriam os restos, os picos mais elevados da Atlântida, que, pela sua grandiosa altura, as águas oceânicas não puderam cobrir. Outros, porém, e não menos ilustres e não com menores razões, situam o continente desaparecido no maciço de Hogar, a região do Norte de África onde um laureado escritor francês, Pierre Benoit, fez desenvolver a acção do seu romance Atlântida. Realmente, cuidadosas observações geográficas e geológicas efectuadas por sábios eminentes permitiram que se chegasse a verificações impressionantes. Uma destas é a de que, entre os materiais empregados na construção das famosas pirâmides egípcias, um figura de que há abundância na América do Sul.
Por outro lado, os ídolos dos Astecas têm espantosa semelhança com os do antigo Egipto. Finalmente, não se sabe, nem pela civilização grega nem pela romana, a origem da indústria do bronze, indústria que as tradições afirmam ter sido introduzida no mundo antigo por um povo do Ocidente. Que povo poderia ser este senão o dos Atlantes? Há ainda estudiosos que colocam a Atlântida na Escandinávia, como Rudbeck; na Pérsia, e é o caso de Latreille; ou até na Mongólia, segundo Bailly, e tantos, tantos se têm pronunciado sobre o palpitante assunto que seria longo enumerá-los. Tal divergência de opiniões levou alguns a admitirem tratar-se de simples lenda o hipotético continente, tanto mais que, dos antigos, Plínio e Estrabão se limitam a aceitar sem comentários a descrição dos Diálogos de Platão. No entanto, também dos antigos, Deodoro Siculo tem opiniões próprias sobre a questão. Geógrafo e historiador, ele explica que a causa da submersão da Atlântida se deve a ruptura de Gibraltar e relativa invasão do Atlântico, elevando o nível deste e submergindo o aludido continente. Portanto, uma enorme massa de água do Mediterrâneo projectou-se violentamente sobre o Oceano Atlântico, originando a submersão do antigo continente, que outrora quase ligava a África à América. Afirma também que, como consequência desse fenómeno, o deserto do Saara, até então um grande lago, viu as suas águas escoarem-se para o Oceano Atlântico. O actual deserto de Saara não passaria, desta forma, de leito de um grande lago antigo». In Américo Faria, Dez Enigmas no Mar, Livraria Clássica Editora, colecção Dez, Lisboa, 1959.

Cortesia de LCEditora/JDACT