quinta-feira, 24 de março de 2011

O Mundo na Era da Globalização: Parte I. «...para ambos os grupos trata-se, antes de tudo, de um fenómeno de natureza económica. O que é um erro. A globalização é política, tecnológica e cultural, além de económica»

Cortesia de globalizacao83geo  

Globalização
«Os mercados financeiros movimentam mais de um trilião de dólares por dia. É um aumento maciço em relação aos inícios da década de 1990, sem falarmos de anos mais distantes. O valor do dinheiro que temos no bolso, ou nas nossas contas bancárias, muda de momento a momento, de acordo com as flutuações registadas nestes mercados.

Deste modo, eu diria sem hesitar que a globalização, tal como estamos a vivê-la, a muitos respeitos não é apenas uma coisa nova, é também algo de revolucionário. Porém, creio que nem os cépticos nem os radicais compreenderam inteiramente o que é a globalização ou quais são as suas implicações em relação às nossas vidas. Para ambos os grupos trata-se, antes de tudo, de um fenómeno de natureza económica. O que é um erro. A globalização é política, tecnológica e cultural, além de económica. Acima de tudo, tem sido influenciada pelo progresso nos sistemas de comunicação, registado a partir do final da década de 1960.


Cortesia de novasoportunidadesesctturmap 
Em meados do século XIX, um pintor de retratos de Massachusetts, chamado Samuel Morse, transmitiu a primeira mensagem através do telégrafo eléctrico: «Qual é a vontade de Deus?». Ao fazê-lo deu início a uma nova fase da História Mundial. Nunca tinha sido enviada uma mensagem sem que uma pessoa a transportasse ao seu destino. Porém, o advento das comunicações por satélite representa uma ruptura da mesma dimensão com o passado. O primeiro satélite comercial foi lançado em 1969. Agora há mais de 200 destes satélites em órbita, cada um carregado com uma enorme diversidade de informações.
Pela primeira vez na História podemos estabelecer comunicação instantânea com o outro lado do mundo. Outros tipos de comunicação electrónica, cada vez mais integrados com as transmissões via satélite, têm acelerado a evolução nos anos mais recentes. Até final da década de 1950, não existia nenhum cabo directo transatlântico ou transpacífico. O primeiro transportava menos de 100 comunicações simultâneas. Os actuais transportam mais de 1 milhão.
A 1 de Fevereiro de 1999, cerca de 150 anos depois de Morse ter inventado o seu sistema de pontos e traços, o Código de Morse, enquanto meio de comunicação no mar, desapareceu finalmente da cena mundial. Foi substituído por um sistema que utiliza a tecnologia dos satélites e permite localizar imediatamente qualquer navio em perigo. A maioria dos países preparou a transição com alguma antecedência. A França, por exemplo, deixou de usar o Código Morse nas águas costeiras em 1997, desligando-o com um floreado tipicamente gaulês: «Atenção a todos. Esta é a nossa última chamada antes do silêncio eterno».

Cortesia de notapositiva 
A comunicação electrónica instantânea não é apenas um meio de transmitir informações com maior rapidez. A sua existência altera o próprio quadro das nossas vidas, ricos ou pobres. Quando a imagem de Nelson Mandela nos pode ser mais familiar do que ado vizinho que mora na porta ao lado da nossa, é porque qualquer coisa mudou na nossa vida corrente.
Nelson Mandela é uma celebridade a nível global e a celebridade é, em grande parte, o produto da nova tecnologia das comunicações. O alcance das novas tecnologias de comunicação aumenta com cada vaga de inovações. Nos USA, a rádio levou 40 anos para atingir os 50 milhões de ouvintes. O mesmo número de pessoas usava um computador pessoal, apenas 15 anos depois de a máquina ter sido inventada. Só foram precisos uns meros 4 anos, para haver 50 milhões de americanos que usam a Internet com regularidade». In O Mundo na Era da Globalização, Anthony Giddens 1999, Editorial Presença 2ª edição, Abril 2000, ISBN 972-23-2573-6.

Cortesia da Editorial Presença/JDACT