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A Expansão dos Portugueses no Período Henriquino.
Jaime Cortesão
«Na extremidade sul junto da costa de África, e imediatamente abaixo das Canárias, uma legenda refere a viagem de Ferrer, em 1346, à busca do rio do Ouro. Próximo, e já no continente, junto da designação geográfica Gineua, em grandes caracteres, outra legenda elucida sobre o reino dos Mandingas, o seu imperador Mussa Mali e o comércio e grande abundância de ouro que há nas suas terras. Com efeito, o Sudão e o Saará eram nessa época o centro dum intenso tráfico do ouro, que as caravanas de muçulmanos transportavam aos portos mais importantes do Norte de África, desde Ceuta a Alexandria.
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Precisamente sobre o meridiano que passaria por aquela cidade, vê-se uma passagem na cordilheira do Atlas com esta preciosa indicação da estrada comercial de Ceuta até às regiões produtoras do ouro:
- «Por aqui passam os mercadores que entram em terras de negros de Gineua, o qual passo se chama vale de Dahra».
Segundo Charles de la Ronciére, que estudou com particular atenção a parte do atlas relativa à África, nele figuram as mais importantes estradas comerciais do Saará e que daqui levavam ao Sudão e ao vale do Níger. Na parte oriental do continente, outra legenda refere e situa na Abissínia o famoso reino do Preste João.
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Se a isto acrescentarmos indicações práticas sobre os mares no Atlântico, o regimento para conhecer a hora pela estrela polar, as principais noções sobre o sistema de Ptolomeu, sem omitir a avaliação da circunferência terrestre segundo o geógrafo alexandrino e ainda a representação dum astrólogo medindo a altura do sol com o astrolábio, teremos dado uma ideia, ainda que incompleta, da soma dos conhecimentos e sugestões fecundíssimas que a cultura geográfica dos Cresques representava para o infante D. Henrique.
Vimos, não obstante, que o infante teve a seu serviço um navegador pertencente a uma família de cartógrafos genoveses; e presumimos que o «Mestre Pedro, pintor do Infante» designação com a qual figura, em 1440, num documento, seja igualmente um cartógrafo estrangeiro, dado que por essa forma se apelidavam no século XV os desenhadores de cartas». In Jaime Cortesão, A Expansão dos Portugueses no Período Henriquino, Portugália Editora, 1965.
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