sexta-feira, 11 de março de 2011

Juan Ramón Jiménez: «Um poeta espanhol que pela sua oposição ao regime franquista foi obrigado a exilar-se nos EUA no ano de 1936. Prémio Nobel de Literatura de 1956. A sua obra teve grande influência na poesia de vanguarda, a chamada geração de 1927»

(1881-1958)
Moguer, Espanha
Cortesia de livroscotovia

A Cor da Tua Alma
Enquanto eu te beijo, o seu rumor
nos dá a árvore, que se agita ao sol de ouro
que o sol lhe dá ao fugir, fugaz tesouro
da árvore que é a árvore de meu amor.

Não é fulgor, não é ardor, não é primor
o que me dá de ti o que te adoro,
com a luz que se afasta; é o ouro, o ouro,
é o ouro feito sombra: a tua cor.

A cor de tua alma; pois teus olhos
vão-se tornando nela, e à medida
que o sol troca por seus rubros seus ouros,
e tu te fazes pálida e fundida,
sai o ouro feito tu de teus dois olhos
que me são paz, fé, sol: a minha vida!
Juan Ramón Jiménez, in «Ríos que se Van»
 tradução de José Bento

Consciência Plena
Levas-me, consciência plena, desejante deus,
por todo o mundo.
Neste mar terceiro,
quase oiço tua voz; tua voz do vento
ocupante total do movimento;
das cores, das luzes
eternas e marinhas.

Tua voz de fogo branco
na totalidade da água, do barco, do céu,
traçando as rotas com prazer,
gravando-me com fúlgido minha órbita segura
de corpo negro
com o diamante lúcido em seu dentro.
Juan Ramón Jiménez, in «Dios Deseado y Deseante»
 tradução de José Bento

Cortesia de O Citador/JDACT