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Antecedentes históricos
O antigo nome da cidade, Ebora,
é, em si, um facto de civilização. Ele aparece noutros lugares da Península
(como na Galiza e na Bética, sob a forma Ebora ou Ebura) e entre os Lusitanos
existia Eburobrittium. Na Gália ficava Eburodunum e viviam os Eburones; o
primitivo nome da ciclacle inglesa de York foi Eboracum. Trata-se de uma palavra
de origem celta que testemunha a presença de povos celtas a sul do Tejo no
primeiro milénio. Esta presença é ainda confirmada por Estrabão no século I a.C.,
no Livro III da Geografia, ao afirmar que na mesopotâmia, delimitada pelo Tejo
e pelo Anas (Guadiana) viviam os Célticos e alguns lusitanos trazidos para as suas
colónias pelos Romanos. Por importante que tenha sido a influência dos povos
celtas na civilização do Ocidente peninsular, podemos, contudo, afirmar que é
com os Romanos que a vida urbana se impôe. O domínio romano constitui, por
isso, urn marco decisivo no destino da cidade.
Évora na época romana
Pode atribuir-se a André Resende
a origem da lenda erudita que liga Sertório à cidade de Évora. Na luta que, à
frente dos Lusitanos, sustentou contra Roma, Sertório teria escolhido a cidade
para sua capital. Para isso mandou construir as muralhas e o aqueduto. Os seguidores
de Resende encarregaram-se de acrescentar mais pormenores Entre eles conta-se o
padre Manuel Fialho, autor de Évora Ilustrada, que atribuiu a Sertório a
cronstrução do templo que chamou de Diana.
Sabe-se actualmente que esta
tradição não tem fundamento e que o centro de operações de Sertório foi Osca
(Huesca), mas é provável que tenha tido outras a ocidente, visto que o palco da
guerra entre Sertório e Metelo foi o Alentejo e o Algarve, sendo as bases
militares deste, entre outras, Metellinum (sobre o (Guadiana) e Caeciliana,
(perto da actual Setúbal). Júlio César, governador da Hispânia Ulterior desde
61, desenvolveu a romanização do território além-Tejo, concedeu a Ebora o título
de Liberalitas Julia e fundou possivelmente a colónia de Pax Julia
(Beja). Com a divisão provincial da Península efectuada por Augusto, a Lusitânia
estava dividida em três conventos jurídicos: Augusta Emerita, Pax Julia e Scallabis.
Ebora pertencia ao convento pacence.
Segundo
o célebre naturalista Plínio, o Velho, na sua Historia Naturalis, Évora era uma
cidade-fortaleza (oppidum) que tinha a categoria de município com direito
antigo do Lácio, tal como Mértola e Salacia (Alcácer do Sal). Situada no centro
da plataforrna alentejana, num cruzamento de estradas militares, é como cidade-encruzilhada
que Évora vai prosperar nos primeiros séculos do império. Segundo podemos
constatar através do Itinerário de Antonino, do início do século III, Ebora era
ponto obrigatório para quem, vindo de Emerita, se dirigia para os portos marítimos
de Olisippo, Cetobriga e Salacia. Por ela tinha igualmente de transitar quem de
Pax Julia se dirigisse para Scallabis. Como qualquer cidade romana, Évora
obedece à organização dos acampamentos militares: portas orientadas segundo os
pontos cardiais, duas vias que se cruzam em ângulo recto e, na intercepção de ambas,
o forum». In Maria Ângela Rocha Beirante, Évora na
Idade Média, Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas, Dissertação
de Doutoramento em História, Fundação Calouste Gulbenkian, 1ª Edição, 1995,
ISBN 972-310-693-0.
Cortesia de FCG, CMÉvora/JDACT