Cortesia
de wikipedia e jdact
«(…) Eles sabiam que não se tratava de uma ameaça vã. As risadas
cessaram, e os olhos deles se tornaram sérios diante da expressão impassível de
Hector, que os encarou assim que o silêncio se fez presente. Por fim, ele pegou
o indicador da mesa à sua frente e se virou para a enorme imagem aérea e
ampliada do terreno na parede atrás dele, e começou a ditar as últimas
instruções. Delegou tarefas e reforçou ordens anteriores. Não queria nenhum
tipo de descuido nesse trabalho. Meia hora depois, virou-se para eles mais uma
vez. Perguntas? Não havia nenhuma, e ele os dispensou com uma ordem curta e
grossa: qualquer dúvida, atirem e façam de tudo para que o tiro seja certeiro. Ele
pegou o helicóptero e mandou Hans Lategan, o piloto, seguir pelo oleoduto até ao
terminal na costa do Golfo. Voaram a uma altitude bem baixa. Hector estava no
banco da frente ao lado de Hans, examinando o caminho em busca de sinais que
indicassem actividades suspeitas, pegadas de estranhos ou marcas de pneus de
veículos que não fossem dos caminhões GM de patrulha ou das equipes de
engenheiros trabalhando no oleoduto. Todos os funcionários da Cross Bow usavam
botas com a marca inconfundível de uma seta na sola, por isso até mesmo daquela
altura Hector era capaz de diferenciar
rastos familiares de potenciais malfeitores.
Durante o mandato de Hector como chefe de segurança, já
haviam ocorrido algumas tentativas nefastas de sabotagem nas instalações da
Bannock Oil em Abu Zara. Nenhum grupo terrorista tinha assumido a
responsabilidade por esses actos, provavelmente porque haviam fracassado. O
emir de Abu Zara, príncipe Farid al Mazra, era um aliado fiel da Bannock Oil.
Os royalties de petróleo da empresa acumulados por ele somavam centenas de
milhões de dólares por ano. Hector criara uma forte aliança com o comandante da
força policial de Abu Zara, príncipe Maomé, cunhado do emir. O príncipe Maomé
fornecia informações de alta qualidade e, três anos antes, alertara Hector
sobre um iminente ataque por mar. Hector e Ronnie Wells, seu comandante de área
no terminal, tinham conseguido interceptar os criminosos com o barco
patrulheiro da Bannock, um antigo torpedeiro israelita de boa capacidade de
aceleração, com duas metralhadoras Browning, calibre .50, montadas na proa.
Havia oito terroristas a bordo do dhow, a
embarcação árabe utilizada no ataque, juntamente com centenas de quilos de
explosivos plásticos Semtex. Ronnie Wells era um antigo sargento-mor da
Marinha britânica, um marinheiro bastante experiente e perito em ataques de
embarcações pequenas. Ele surgiu do meio da escuridão por trás do dhow,
pegando a tripulação completamente de surpresa. Quando Hector ordenou pelo
megafone que se rendessem, a resposta foi uma saraivada de disparos
automáticos. A primeira rajada de tiros das Brownings detonou os explosivos
Semtex no porão de carga do dhow. Todos os oito terroristas partiram
simultaneamente para os Jardins do Paraíso, deixando poucos traços da sua
existência neste planeta. O emir e o príncipe Maomé ficaram satisfeitíssimos
com o desfecho. Cuidaram para que nenhuma informação chegasse aos ouvidos da imprensa
internacional. Abu Zara tinha orgulho de sua reputação de país estável,
progressivo e amante da paz». In Wilbur Smith, Em Alto Mar, 2011,
Editora Planeta Brasil, 2012, ISBN 978-857-665-880-1.
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