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Simpatia
Olhas-me tu
constantemente:
daí concluo
que essa alma, sente;
que ama; não zomba
como é vulgar;
que é uma pomba
que busca o par!
Pois ouve: eu gemo
de te não ver!
E em vendo, tremo,
mas de prazer!
Foge-me a vista…
Falta-me o ar...
Vê quando dista
daqui a amar!
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Casto Lírio
Meu casta lírio,
terno delírio,
glória e martírio
do meu amor!
Amo-te como
a haste o gomo,
o lábio o pomo,
e o olho a flor.
Se ao meu ouvido
chega o rugido
do teu vestido
indo a roçar,
que som me vibra
não sei que fibra,
que me equilibra
a mim no ar?
E que harpa santa
é que me encanta
e enche de tanta
consolação,
quando uma fala
terna, se exala
donde se embala
teu coração?
Quando te vejo
de um simples beijo
corar de pejo,
mudar de cor,
que susto é esse
que me parece
te empalidece,
rosa de amor?
Quando no leito
teu níveo peito
sonho que estreito
e aperto ao meu,
vendo tão perto
o céu aberto,
porque desperto,
anjo do Céu?
Não fujas, rosa,
não fujas, goza
manhã mimosa,
manhã de amor!
De folha em folha
a flor se esfolha
bem cedo, e olha
Que és uma flor!...
In João de Deus, 'Campo de Flores'
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