«(…) Ficou claro que o nosso filme sobre um pequeno mistério local começava a assumir proporções inesperadas. Paul decidiu abandoná-lo e nos engajou numa longa-metragem. Agora haveria mais tempo para pesquisar e mais tempo de cena para explorar a história. A transmissão foi adiada para a primavera do ano seguinte. O Tesouro Perdido de Jerusalém saiu em Fevereiro de 1972 e provocou uma reacção muito forte. Eu sabia que havia encontrado um assunto interessante para o grande público. Uma pesquisa posterior não significaria, portanto, auto-indulgência. Em algum momento teria que haver um segundo filme. Em 1974 eu já possuía grande quantidade de material. Paul contratou Roy Davies para produzir o meu segundo filme Crónica, chamado O Padre, o Pintor e o Demónio. Mais uma vez, a reacção do público mostrou quão fortemente a história havia impressionado a imaginação popular. Mas então ela havia se tornado muito complexa, e muito extensa nas suas ramificações. A pesquisa detalhada estava rapidamente excedendo a capacidade de uma única pessoa. Havia muitos caminhos diferentes a percorrer.
Quanto mais eu prosseguia numa
linha de investigação, mais consciente me tornava da quantidade de material que
estava sendo negligenciado. Nesse ponto crucial, o destino, que de início havia
colocado a história casualmente em minhas mãos, agora assegurou que o trabalho
não estagnaria. Em 1975, tive a grande sorte de encontrar Richard Leigh,
durante um Curso de Verão em que ambos dávamos aulas de literatura. Richard é um
romancista e escritor de contos, com pós-graduação em literatura comparada e um
conhecimento profundo em história, filosofia, psicologia e esoterismo. Havia
trabalhado durante vários anos como professor universitário nos Estados Unidos,
Canadá e Grã-Bretanha. Durante os intervalos das nossas aulas, passamos muitas
horas discutindo assuntos de interesse mútuo. Eu mencionei os templários, que
desempenhavam um papel importante no pano de fundo do mistério de
Rennes-Ie-Château. Para minha satisfação, vi que essa sombria ordem medieval de
monges combatentes já havia despertado o interesse de Richard, que desenvolvera
pesquisas consideráveis sobre sua história. Subitamente, meses de trabalho que
eu via se prolongarem à minha frente se tornaram desnecessários. Richard podia
responder à maioria de minhas dúvidas. E ficara tão intrigado quanto eu com as
anomalias evidentes que eu havia encontrado. O mais importante é que meu projecto
de pesquisa também o fascinava. Percebendo o significado do projecto, ele se
ofereceu para ajudar-me nos aspectos que envolviam os templários. E trouxe
Michael Baigent, um psicólogo que recém-abandonara uma bem-sucedida carreira em
foto-jornalismo para se dedicar ao estudo dos templários, visando ao projecto
de um filme. Se eu tivesse procurado, não teria encontrado dois parceiros mais bem
qualificados e mais compatíveis para formar um time. Após anos de trabalho
solitário, o ímpeto trazido ao projecto por dois cérebros novos foi muito
estimulante. O primeiro resultado palpável de nossa colaboração foi o terceiro
filme Crónica sobre Rennes-Ie-Château, A Sombra dos Templários, produzido por Roy Davies em
1979.
O trabalho realizado para aquele
filme finalmente nos colocou face a face com as fundações sobre as quais todo o
mistério de Rennes-Ie-Château havia sido construído. Mas, no filme, o que
estávamos começando a discernir só podia ser insinuado. Sob a superfície havia algo
mais chocante, mais importante e mais imediatamente relevante do que podíamos
imaginar quando começamos o nosso trabalho sobre o pequeno e intrigante
mistério que um padre francês provavelmente encontrara num vilarejo montanhoso.
Em 1972, eu terminara o meu primeiro filme com as seguintes palavras: algo
extraordinário está esperando ser encontrado..., e o será, num futuro não muito
distante. Este livro explica o que é este algo, e quão extraordinária foi sua descoberta».
In
Michael Baigent, Henry Lincoln e Richard Leigh, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, 1982,
Nova Fronteira, 1993, 2015, ISBN 978-852-090-474-9.
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