domingo, 2 de agosto de 2020

O Santo Graal e a Linhagem Sagrada. Michael Baigent, Henry Lincoln e Richard Leigh. «Richard podia responder à maioria de minhas dúvidas. E ficara tão intrigado quanto eu com as anomalias evidentes que eu havia encontrado»

Cortesia de wikipedia e jdact

 «(…) Ficou claro que o nosso filme sobre um pequeno mistério local começava a assumir proporções inesperadas. Paul decidiu abandoná-lo e nos engajou numa longa-metragem. Agora haveria mais tempo para pesquisar e mais tempo de cena para explorar a história. A transmissão foi adiada para a primavera do ano seguinte. O Tesouro Perdido de Jerusalém saiu em Fevereiro de 1972 e provocou uma reacção muito forte. Eu sabia que havia encontrado um assunto interessante para o grande público. Uma pesquisa posterior não significaria, portanto, auto-indulgência. Em algum momento teria que haver um segundo filme. Em 1974 eu já possuía grande quantidade de material. Paul contratou Roy Davies para produzir o meu segundo filme Crónica, chamado O Padre, o Pintor e o Demónio. Mais uma vez, a reacção do público mostrou quão fortemente a história havia impressionado a imaginação popular. Mas então ela havia se tornado muito complexa, e muito extensa nas suas ramificações. A pesquisa detalhada estava rapidamente excedendo a capacidade de uma única pessoa. Havia muitos caminhos diferentes a percorrer.

Quanto mais eu prosseguia numa linha de investigação, mais consciente me tornava da quantidade de material que estava sendo negligenciado. Nesse ponto crucial, o destino, que de início havia colocado a história casualmente em minhas mãos, agora assegurou que o trabalho não estagnaria. Em 1975, tive a grande sorte de encontrar Richard Leigh, durante um Curso de Verão em que ambos dávamos aulas de literatura. Richard é um romancista e escritor de contos, com pós-graduação em literatura comparada e um conhecimento profundo em história, filosofia, psicologia e esoterismo. Havia trabalhado durante vários anos como professor universitário nos Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha. Durante os intervalos das nossas aulas, passamos muitas horas discutindo assuntos de interesse mútuo. Eu mencionei os templários, que desempenhavam um papel importante no pano de fundo do mistério de Rennes-Ie-Château. Para minha satisfação, vi que essa sombria ordem medieval de monges combatentes já havia despertado o interesse de Richard, que desenvolvera pesquisas consideráveis sobre sua história. Subitamente, meses de trabalho que eu via se prolongarem à minha frente se tornaram desnecessários. Richard podia responder à maioria de minhas dúvidas. E ficara tão intrigado quanto eu com as anomalias evidentes que eu havia encontrado. O mais importante é que meu projecto de pesquisa também o fascinava. Percebendo o significado do projecto, ele se ofereceu para ajudar-me nos aspectos que envolviam os templários. E trouxe Michael Baigent, um psicólogo que recém-abandonara uma bem-sucedida carreira em foto-jornalismo para se dedicar ao estudo dos templários, visando ao projecto de um filme. Se eu tivesse procurado, não teria encontrado dois parceiros mais bem qualificados e mais compatíveis para formar um time. Após anos de trabalho solitário, o ímpeto trazido ao projecto por dois cérebros novos foi muito estimulante. O primeiro resultado palpável de nossa colaboração foi o terceiro filme Crónica sobre Rennes-Ie-Château, A Sombra dos Templários, produzido por Roy Davies em 1979.

O trabalho realizado para aquele filme finalmente nos colocou face a face com as fundações sobre as quais todo o mistério de Rennes-Ie-Château havia sido construído. Mas, no filme, o que estávamos começando a discernir só podia ser insinuado. Sob a superfície havia algo mais chocante, mais importante e mais imediatamente relevante do que podíamos imaginar quando começamos o nosso trabalho sobre o pequeno e intrigante mistério que um padre francês provavelmente encontrara num vilarejo montanhoso. Em 1972, eu terminara o meu primeiro filme com as seguintes palavras: algo extraordinário está esperando ser encontrado..., e o será, num futuro não muito distante. Este livro explica o que é este algo, e quão extraordinária foi sua descoberta». In Michael Baigent, Henry Lincoln e Richard Leigh, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, 1982, Nova Fronteira, 1993, 2015, ISBN 978-852-090-474-9.

 Cortesia de NFronteira/JDACT