domingo, 23 de agosto de 2020

Por Dentro do Priorado de Sião. Robert Howells. «Então comecei a minha própria pesquisa para desvendar o mistério de Rennes-le-Château. Em 1994, comecei a trabalhar na Watkins Bookshop, em Londres…»

Cortesia de wikipedia e jdact

«Em Dezembro de 2005, recebi um cartão de Natal de um representante da sociedade secreta ou ordem chamada de Priorado de Sião. Vinha gravado com uma abreviatura latina, L.V.A.A.T., e selado para envio como um documento legítimo da ordem. O cartão retratava os Três Reis Magos seguindo a Estrela de Belém. A importância dos três homens seguindo as estrelas, astrólogos, talvez, não passou despercebida por mim. Por cerca de seis meses estivera fazendo a mediação entre o Priorado de Sião e a 1244 Films, que estava produzindo um documentário sobre a noção herética de que Jesus tivera filhos. Meu primeiro contacto com esse mistério fora muito anterior ao documentário. Antes do convite da 1244, eu havia pesquisado por quinze anos tanto sobre o Priorado de Sião como sobre a ideia da linhagem de Jesus. Meu interesse durante esse período centrava-se no mistério de Rennes-le-Château, um vilarejo no sul da França, onde um padre tornara-se de repente muito rico no fim do século XIX e gastara o dinheiro na reforma da sua igreja para incluir uma série de símbolos não ortodoxos. Cerca de vinte anos atrás, um livro intitulado The holy blood and the Holy Grail [O Santo Graal e a linhagem sagrada] despertara meu interesse. Publicado em 1982, era a primeira narrativa em inglês sobre o mistério de Rennes-le-Château. Os autores, Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, comentavam brevemente sobre o mistério e depois apresentavam um certo Pierre Plantard como o então grão-mestre de uma sociedade secreta denominada Priorado de Sião.

Em 1956, Plantard registou o Priorado de Sião (la Prieuré de Sion) como uma organização oficial na França, e depois se soube que mais ou menos nessa época foram depositados documentos na Biblioteca Nacional da França, em Paris, sob o título de Dossiers secrets [Dossiês secretos]. Esses dossiês continham uma colecção de recortes sobre esoterismo, genealogias e uma lista dos grão-mestres do Priorado de Sião ao longo dos séculos. Depois, em 1967, dois pergaminhos codificados apareceram numa publicação intitulada The accursed treasure of Rennes-le-Château [O tesouro amaldiçoado de Rennes-le-Château], de Gérard de Sède, que também fora influenciado por Plantard. Isso, por sua vez, inspirou Henry Lincoln e a redacção de O Santo Graal e a linhagem sagrada. O Priorado de Sião estava começando a se tornar público.

Em O Santo Graal e a linhagem sagrada, Plantard afirmava que o segredo do mistério de Rennes-le-Château era que Jesus e Maria Madalena foram casados e tiveram filhos. Na época, essa foi uma revelação chocante, e aplaudi os autores pela coragem de trazer isso a público. Entretanto, eu tinha lido muitos livros antigos sobre sociedades secretas, e nunca encontrara o nome Priorado de Sião. Não confiei em Pierre Plantard e suspeitei que os autores de O Santo Graal e a linhagem sagrada se tivessem afastado da verdade. Então comecei a minha própria pesquisa para desvendar o mistério de Rennes-le-Château.

Em 1994, comecei a trabalhar na Watkins Bookshop, em Londres, uma das maiores e mais antigas livrarias esotéricas da Europa. Ela atrai pessoas de muitas religiões e áreas do conhecimento, e durante o tempo que passei lá conheci templários (ingleses e europeus), maçons (ingleses e europeus), sufis, astrólogos, ocultistas, integrantes da Ordem de Lázaro, da Aurora Dourada, gnósticos, académicos e arqueólogos, além de muitos escritores sobre temas envolvendo esses mistérios. Durante esse período, viajava a Rennes-le-Château em todas as oportunidades e estava razoavelmente preparado para interpretar os símbolos por conta própria. O objectivo da minha pesquisa era simples. Pretendia descobrir a verdade. No início de 2003, o documentarista Bruce Burgess me procurou com a proposta para trabalhar num filme sobre a linhagem de Jesus e Maria Madalena. Eu já conhecia Bruce e tínhamos trocado ideias ao longo dos anos. Ele estava ciente do meu interesse por Rennes-le-Château e pelo Priorado de Sião e, considerando que pretendia desvendar o mistério com a mente aberta, concordei em participar da produção como principal pesquisador. Sem que Bruce soubesse, eu tinha entrado em contacto com essa sociedade secreta na Watkins Bookshop na década de 1990 e tivera acesso a um dos seus integrantes. À medida que o documentário (Linhagem, o filme) progredia, ficava claro que Bruce e seu coprodutor, René Barnett, tencionavam realizar uma investigação sobre o mistério sem preconceitos ou segundas intenções, e assim decidi entrar em contacto com o Priorado para ver se estariam dispostos a participar do projecto». In Robert Howells, Por Dentro do Priorado de Sião, 2005, Editora Planeta, 2011-2012, ISBN 978-857-665-812-2.

Cortesia de EPlaneta/JDACT

JDACT, Robert Howells, Religião, Conhecimento, Esoterismo, JMC,