Cortesia da bnp
«João Rui de Sousa, poeta, ensaísta e crítico literário, formalizou, no dia 27 de Maio de 2011, a doação do seu Espólio literário à Biblioteca Nacional de Portugal A cerimónia teve lugar na Sala do Conselho, pelas 16h00, assinando o respectivo Termo, em representação da BNP, o seu director, Jorge Couto. Para a BNP reveste-se de especial significado a doação do espólio de um colaborador de um passado recente, 1982 a 1993, período em que João Rui de Sousa integrou a equipa do Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea (ACPC), a então recém-criada Área de Espólios.
Formado em Agronomia e licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, João Rui de Sousa estreou-se nas letras na revista Cassiopeia (1955) - de que foi um dos fundadores, com António Ramos Rosa, José Terra, José Bento e António Carlos - publicando aí os poemas «A Morte da Paisagem e Poema Contíguo ao Ódio e o ensaio A Angústia e o Nosso Temp», géneros literários de que é autor de referência. Na poesia deu à estampa Circulação (1960), A Hipérbole na Cidade (1960), A Habitação dos Dias (1962), Meditação em Samos (1970), Corpo Terrestre (1972). Em 1983 reúne os poemas aí publicados com inéditos e dá corpo a O Fogo Repartido. Na década seguinte edita Enquanto a Noite, a Folhagem (1991), Palavra Azul e Quando (1991), Sonetos de Cogitação e Êxtase (1994), Obstinação do Corpo (1996) e Respirar pela Água (1998). São já do séc. XXI Os Percursos, as Estações (2000), Obra Poética: 1960-2000 (2002), Lavra e Pousio (2005) e Quarteto Para as Próximas Chuvas (2008), distinguido com o Prémio Nacional António Ramos Rosa e o Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes.
Cortesia da bnp
No ensaio, publicou Fernando Pessoa Empregado de Escritório (1985; 2º ed. revista e aumentada, 2010), Este Rio de Quatro Afluentes (1988), António Ramos Rosa ou o Diálogo com o Universo (1988). Mas é muito vasta a sua colaboração na imprensa – em, por exemplo, Cadernos do Meio-dia, A Capital, Colóquio Letras, Folhas de Poesia, JL, Nova Renascença, Revista da Biblioteca Nacional, O Tempo e o Modo ou na Seara Nova – onde, como ensaísta e crítico literário, contribuiu, de forma indelével, para o conhecimento e interpretação críticos da Literatura Portuguesa da segunda metade de Novecentos e início do presente século. João Rui de Sousa é ainda editor literário da antologia de poemas de Adolfo Casais Monteiro (1973) e das Poesias Completas do mesmo autor (1993), bem como prefaciador de diversas obras de outros autores. Sob a chancela da Biblioteca Nacional, reflectindo o seu labor na Instituição, regista-se o seu contributo para a iniciativa Fernando Pessoa:
- o último ano (1985), catálogo da exposição comemorativa do cinquentenário da morte do Poeta, de que foi um dos organizadores, a Fotobibliografia de Fernando Pessoa (1988), prefaciada por Eduardo Lourenço, e Poesia e Alguma Prosa, de Mário Saa (2006).
Cortesia da bnp
De investigador de espólios à guarda do ACPC João Rui de Sousa passa a doador e a autor aí representado. Contribui, também desta forma, para o enriquecimento de um arquivo relevante no domínio da História da Literatura Portuguesa Contemporânea. O seu acervo literário é constituído, para já, por parte do epistolário – cartas de/a António Ramos Rosa, Eugénio Lisboa, João Bigotte Chorão, João Palma-Ferreira, Jorge de Sena, José Carlos Gonzalez, Luís Amaro, Luiz Pacheco, Natália Correia, Pedro da Silveira – cujos espólios já integram o ACPC -, e de, entre outros, Egito Gonçalves, Eugénio de Andrade, Fernando Guimarães, Herberto Hélder, Liberto Cruz, Maria Alzira Seixo ou Matilde Rosa Araújo». In Biblioteca Nacional de Portugal, Doações.
Cortesia da BN de Portugal
JDACT