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de wikipedia e jdact
Isabel.
Maio de 1588
«(…) Toda a frota?, perguntou
Charles Howard. Isso nos deixaria desprotegidos. Se a Armada conseguir escapar,
entrará aqui sem resistência alguma, afirmou, arqueando as sobrancelhas para
expressar a sua preocupação. Charles era um homem calmo, diplomático, que
conseguia lidar com personalidades difíceis, o que fazia dele um alto
comandante ideal. Mas Drake era difícil de ser controlado e acalmado. Nós os
encontraremos, disse. E, quando o encontrarmos, não poderemos ter poucos
navios. Robert Dudley, conde de Leicester naquele ambiente formal, irritou-se com
a afirmação e disse: preocupa-me mandar todos os navios de uma só vez. V parece
uma velhota falando!, bradou Drake. Então somos duas velhotas, disse Knollys.
Ele era reconhecidamente cauteloso e tinha muitos escrúpulos. Se fosse um monge,
usaria uma camisa de silício com frequência para punir a si mesmo. A sua
militância pelo protestantismo foi um bom substituto. Somos três, disse
Burghley, unindo-se aos demais. William Cecil sempre defendeu uma estratégia
defensiva, tentando manter tudo dentro das fronteiras inglesas. Tudo depende de
recebermos informações precisas sobre quando a Armada sairá de Lisboa, disse o
secretário Walsingham. Caso contrário, será um risco inútil e perigoso.
Achei que essa fosse a sua função,
disse Drake. Walsingham ficou mais tenso e disse: faço o melhor que posso com o
que está ao meu dispor. Mas não há meios para transmissão instantânea de notícias.
Os navios são mais rápidos do que meus mensageiros. Ah, posso ver portos
distantes, disse Drake com uma risada.
V não sabia disso? Sei que os
espanhóis creditam a El Draque,
o dragão, esse feito, disse Walsingham. Mas eles são ingénuos e simplórios em
geral. Concordo! Chega dessa conversa. Quais são as outras opções de defesa? Proponho
dividirmos a frota em duas: esquadrão oeste para vigiar a entrada do Canal e
esquadrão leste para vigiar o estreito de Dover, explicou Charles Howard. Sei
qual é o plano do inimigo, disse Drake, interrompendo Charles. A Armada não está
vindo para lutar. O exército de Parma de Flandres fará isso, a Armada os
escoltará pelo Canal. Vão vigiar os barcos cheios de soldados a fim de encurtar
a travessia. São somente trinta e poucos quilómetros. O exército inteiro
poderia fazer a travessia entre oito e doze horas. Esse é o plano deles! Drake bradou, olhando em redor com
os olhos claros penetrando nas dúvidas dos conselheiros, e continuou a
argumentar: devemos desarmar a frota. Devemos impedi-los de aportar na Costa de
Flandres. Os nossos aliados holandeses nos ajudarão. Eles já vêm impedindo
Parma de conseguir um porto para ancorar há anos e podem atrapalhar quando
tentarem usar os canais menores. A imensa frota da Armada, destinada a
assegurar uma travessia segura, pode ser também a sua ruína.
Ele
fez uma pausa e continuou a dizer: claro que um plano alternativo seria
conquistar a Ilha de Wight do nosso lado do Canal e construir uma base lá. Mas,
se passarem por ela, só avistarão um porto novamente quando chegarem a Calais. O
nosso papel é apressá-los. Isto é, obviamente, supondo que consigam chegar lá.
Agora, se seguirmos o meu plano original para interceptá-los... Levantei a mão
para calá-lo por um instante e disse: mais tarde. Por enquanto temos que
decidir a implantação dos nossos recursos gerais. Assim, almirante Howard, V
recomenda dois esquadrões separados de navios? Não seria melhor posicioná-los
todos na entrada do Canal?» In Margaret George, Isabel I, O Anoitecer de
um Reinado, tradução de Lara Freitas, Geração Editorial, 2012, ISBN
978-858-130-076-4.
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