Melodia
Inverno
«O
medo está no Inverno.
O medo
bate nos olhos com as suas ferramentas negras e
depois anuncia a morte.
No Inverno
penso na terra, no silêncio da terra e dos astros e
das rosas,
no teu grande silêncio, pai.
No Inverno
volto-me para baixo, para os alicerces
do mundo.
No Inverno
dizes de muito longe que não voltarás aqui».
O medo
bate nos olhos com as suas ferramentas negras e
depois anuncia a morte.
No Inverno
penso na terra, no silêncio da terra e dos astros e
das rosas,
no teu grande silêncio, pai.
No Inverno
volto-me para baixo, para os alicerces
do mundo.
No Inverno
dizes de muito longe que não voltarás aqui».
Da
nossa morte
«Agora
é tarde.
Ninguém responde às cartas que escrevi e
atirei ao mar,
quando pensei que um dia serias como esse
marinheiro que num sonho antigo abençoava
o filho e depois partia nas asas do albatroz.
Agora é tarde.
Ninguém responde à sombria música dos meus
punhos golpeando a cadeira vazia, a mesa, as
folhas em branco onde uma única palavra se
aproxima,
manejando as suas armas-
três letras, três sinais de fogo.
Agora é tarde.
Ninguém cala os tempestuosos rios no fundo
dos meus olhos,
quando penso nos vermes, nas viscosidades
que te procuram através do cetim».
Ninguém responde às cartas que escrevi e
atirei ao mar,
quando pensei que um dia serias como esse
marinheiro que num sonho antigo abençoava
o filho e depois partia nas asas do albatroz.
Agora é tarde.
Ninguém responde à sombria música dos meus
punhos golpeando a cadeira vazia, a mesa, as
folhas em branco onde uma única palavra se
aproxima,
manejando as suas armas-
três letras, três sinais de fogo.
Agora é tarde.
Ninguém cala os tempestuosos rios no fundo
dos meus olhos,
quando penso nos vermes, nas viscosidades
que te procuram através do cetim».
Poemas de José Agostinho Baptista, in Agora e
na Hora da Nossa Morte