terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Jean Plaidy. Lucrécia Borgia. «Quando o papa morrer, haverá um conclave, e então, irmãzinha, os cardeais vão escoltar um novo papa. Tio Roderigo está escolhendo…»

Cortesia de wikipedia e jdact

A Piazza Pizzo di Merlo

«(…) Giovanni sabe?,Lucrécia, aos quatro anos, sabia ser diplomata. Os encantadores olhos claros ficaram sombrios; ela não queria ver a ira de César; tal como Roderigo, ela desviava o olhar daquilo que era desagradável. O ardil deu resultado. Eu vou-lhe contar, disse César. Claro que contaria. Ele não poderia deixar que Giovanni desse a ela algo que ele lhe tivesse negado. O papa, que você sabe que é Sisto IV está morrendo. É por isso que eles estão agitados lá, e é por isso que o tio Roderigo não vem nos visitar. Ele tem muito o que fazer. Quando o papa morrer, haverá um conclave, e então, irmãzinha, os cardeais vão escoltar um novo papa. Tio Roderigo está escolhendo; é por isso que ele não pode vir nos visitar, disse ela. César ficou ali sorrindo para ela. Ele se sentia importante, um sabe-tudo; ninguém o fazia sentir-se tão inteligente ou importante quanto sua irmãzinha; era por isso que ele a adorava tanto. Eu gostaria que ele pudesse escolher depressa e vir nos visitar, acrescentou Lucrécia. Vou pedir aos santos que façam um novo papa depressa..., para que ele possa vir visitar-nos. Não, Lucreciazinha. Não peça uma coisa dessas. Em vez disso, peça o seguinte: peça que o novo papa seja o nosso tio Roderigo. César soltou uma gargalhada, e ela riu com ele. Havia tanta coisa que ela não compreendia; mas, apesar da ameaçadora estranheza, apesar da multidão que se acumulava lá em baixo e da ausência do tio Roderigo, era bom ficar na loggia, agarrada ao gibão de César, vendo a agitação na praça. Roderigo não foi eleito.

A agitação, observada pelas crianças, continuou por toda a cidade. O cenário mudara. Lucrécia ouvia os barulhos da batalha nas ruas lá em baixo, e Vannozza, aterrorizada, mandou levantar barricadas em volta da casa. Nem mesmo César sabia exactamente do que se tratava, embora ele e Giovanni, andando pela ala infantil, não o admitissem. Tio Roderigo só visitava a casa rapidamente, para assegurar-se de que as crianças estavam seguras. Suas visitas eram, agora, meramente para ver as crianças; desde o nascimento do pequeno Goffredo, ele deixara de considerar Vannozza sua amante, e agora havia uma outra criancinha, Otaviano, que Vannozza nada fazia para que fosse considerada como sendo dele. Quanto ao pequeno Goffredo, Roderigo estava encantado com ele, que estava se revelando de todas as formas tão bonito quanto os irmãos mais velhos. Roderigo, tendo necessidade de filhos e sendo suscpetível a filhos bonitos, na maioria das vezes tendia a dar a Goffredo o benefício da dúvida, e a atenção dedicada aos outros era, então, compartilhada pelo garotinho. O pobre do pequeno Otaviano era o estranho no ninho, ignorado por Roderigo, embora fosse adorado por Vannozza e por Giorgio. Mas durante aquelas semanas houve pouco tempo até mesmo para lamentar a ausência de Roderigo; as crianças só podiam olhar para a praça, assombradas com o cenário em mutação». In Jean Plaidy, Lucrécia Borgia, Edição Record, 1996, ISBN 978-850-104-410-5.

 

Cortesia de ERecord/JDACT

 

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