Mostra. Sala de Referência. Até ao pf dia 30
de Agosto de 2013
«A mostra apresenta as duas versões de Aquele
único exemplo..., a primeira composição poética de Luís de Camões,
impressas em 1563, pelo tipógrafo João
de Enden, uma das quais recentemente identificada por João Alves Dias, e as
diferentes edições da sua obra lírica, dadas à estampa entre 1595
e 1688. Aquele único exemplo… é o primeiro poema de Luís
de Camões, impresso, hoje conhecido. É uma Ode ao Conde de Redondo, pedindo a protecção para um livro
de um amigo. Integra o conjunto de paratextos dos Coloquios dos simples, e
drogas he cousas medicinais da India, de Garcia de Orta. Foi
impresso, em Goa, em 1563, por
Ioannes de Endem, um impressor alemão que havia pouco tempo instalara o seu
prelo na Índia portuguesa.
Se a Lírica de Luís de Camões é hoje abundante, a sua quase
totalidade só foi impressa depois da morte do poeta. Para além da obra épica (Os Lusíadas, impressos, em Lisboa,
em 1572), só foram divulgados, em
vida do autor, três poemas:
- a ode, que agora se evoca;
- uma elegia e um soneto, ambos publicados na Historia da Prouincia Sancta Cruz;
- de Pero de Magalhães de Gândavo, impressa em Lisboa, em 1576.
Embora passem este ano os 450 anos sobre a impressão da obra de Garcia
de Orta, que inclui, repetimos, a primeira composição lírica de Luís de Camões,
a sua primeira versão impressa esteve afastada do conhecimento comum até à
segunda metade do século XIX. É certo que a Ode
ao Conde de Redondo passou a integrar a lírica de Camões, a partir da
segunda edição das Rimas, impressa em 1598, mas copiada de uma versão manuscrita que se afastava em
alguns versos, da versão original. Nas edições seguintes, a ode continua a ser
reproduzida com variantes. Faria e Sousa, na edição comentada, impressa em 1685, confronta as duas versões,
anotando as suas principais variantes, mas prevalecendo a edição de 1598. E assim se manteve e assim continua
na magna edição que o visconde de Juromenha faz das Obras de Luiz de Camões (Lisboa, 1861, vol. II, p. 275-278). É
Tito de Noronha (1881) e depois Teófilo Braga (1887) que defendem a
reintegração da forma primitiva do poema no contexto da Lírica de Camões. Longe
estavam de supor que havia, impressa, em vida do poeta, uma outra versão da
mesma Ode. A mostra, patente na Biblioteca Nacional de Portugal e
feita em colaboração com o Centro de
Estudos Históricos, apresenta as duas versões da primeira composição
poética de Luís de Camões (impressas em 1563)
e as diferentes edições da sua obra lírica, dadas à estampa entre 1595 e 1688» In BNP, João Alves Dias
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