Cortesia
de wikipedia e jdact
Ouguela
Declínio
«(…) Tudo
isto terá influído no sentido de, em 1800, haver em Ouguela só 24 vizinhos dentro
da vila e 20 fora (cerca de 200 habitantes, talvez). Em 1801, durante a Guerra
das Laranjas, após a conquista de Olivença e Juromenha, Campo Maior
rendeu-se ao exército espanhol, mas só depois de violento cerco e de muita
resistência (15 de Junho). Ouguela não foi atacada, mas caída Campo Maior era
um espinho nas costas do inimigo. 460 espanhóis, simulando um maior número pela
disposição no terreno, aproximaram-se do castelo. O governador, Jóse Joaquim
Queirós, acabou por entregar Ouguela ao atacante, já que não havia qualquer
possibilidade de resistência (esta descrição encontra-se no Livro A Guerra
das Laranjas/A perda de Olivença,
de
António Ventura, 2004, Ed. Prefácio).
Até 1811, decerto
houve alguns conflitos em terras em redor de Ouguela, mas de pouca monta, pois
quase nada chegou até nós. Os vários conflitos do início do século XIX pouco
rasto deixaram na região. A novidade seguinte, pouco alegre para a vila, é que
em 1836 se extinguiu o concelho, sendo unido a Campo Maior. A decadência, que
já vinha do século XVIII, reflectia-se a nível administrativo. E algo pior
sucedeu, quando Ouguela deixou de ser freguesia e foi anexada a São João
Baptista (Campo Maior) (1941).
É um pouco triste
seguir esta história. Uma povoação nasceu e cresceu, teve momentos de alguma
grandeza e de glória…, e iniciou um processo de decadência. Algumas quadras
populares falam de Ouguela. Uma refere-se à sua grandeza:
Bela cidade de
Ouguela
Dá vistas à
lapagueira
Mal empregada
cidade
Estar em tão alta
ladeira
(A lapagueira será
um acidente geográfico).
Outra ironiza com a
sua decadência, e, com algum sentido de humor, reza assim:
Adeus vila de
Ouguela
Que não há vila
mais nobre
Para teres vinte
ruas
Faltam-te só
dezanove
Assim é a roda da
história. Olhando as velhas muralhas, a que não falta ainda opulência, sentimo-nos
comovidos. Uma inscrição em latim, num dos arcos, informa-nos de uma divisa dos
seus antigos defensores e moradores. pro patria, pro rege et pro fide, aut
vincere, aut mori (pela pátria, pelo rei, e pela fé, vencer ou morrer). O
tempo é (mesmo) implacável. Há, todavia, que pensar no futuro. Ouguela, hoje
com apenas cerca de 60 habitantes, terá de procurar reerguer-se. O seu castelo,
que já foi palco de filmagens de séries de televisão, tem uma beleza
indesmentível. Há que ser-se imaginativo e ter força de vontade, e aproveitar
tão vetusto monumento. Agora já não, porque felizmente tal não é necessário,
como lugar de defesa, mas quiçá, como lugar de encontro, entre as raias
alentejana e extremenha.
Que esta singela
história da antiga vila, hoje lugar, de Ouguela, abra caminho nesse
sentido, seja um primeiro passo, eis o meu sincero desejo». In Carlos E. Cruz
Luna, História e Declínio de Três Povoações na Fronteira, Wikipédia.
Cortesia de Wikipédia/JDACT