Cortesia de editorialpresenca
Das Origens ao Triunfo
A Conjuntura
«Ao começar o século XVIII, a influência inglesa achava-se firmemente estabelecida em Portugal. Grande parte do comércio externo estava nas suas mãos. Desde a assinatura do tratado de Methuen (1703) que os lanifícios britânicos encontravam em Portugal um cliente certo, ao passo que os vinhos portugueses entravam em Inglaterra consideravelmente favorecidos. Mas não era só à base destes dois grandes ramos de produtos que se efectuava o intercâmbio das duas nações. Numerosos outros artigos, nomeadamente os manufacturados, saíam dos portos britânicos com destino à terra portuguesa. Os navios ingleses traziam, além disso produtos de outras regiões, tornando-se corriqueiros no Tejo e os mais frequentes entre todos. Em termos políticos, também, Portugal e a Inglaterra eram aliados, tendo lutado juntos na Guerra da Sucessão de Espanha (1703-13) e existindo em cada nação representação diplomática permanente da outra. Tudo isto significava que, por um lado, se mostravam frequentes as ligações entre Lisboa e os portos britânicos, podendo ir-se de um país ao outro, com tempo favorável, em oito dias e que, pelo outro, a colónia inglesa fixada em Portugal era numerosa e, sem dúvida alguma, a maior de todas as colónias estrangeiras. A feitoria de Lisboa contava, em 1717, 90 comerciantes, número que subira, em 1755, para mais de 150. Além destes, viviam na capital portuguesa muitos outros súbditos britânicos ligados a toda a espécie de actividades, tais como estalajadeiros, tendeiros, artífices de vários ramos, alfaiates, cabeleireiros, sapateiros, carpinteiros, guarda-livros, etc., etc.
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Tudo junto, e contando mulheres, filhos e outros dependentes, a colónia inglesa em Lisboa somava muitas e contando mulheres, filhos e outros dependentes, a colónia inglesa em Lisboa somava muitas e contando mulheres, filhos e outros dependentes, a colónia inglesa em Lisboa somava muitas e contando mulheres, filhos e outros dependentes, a colónia inglesa em Lisboa somava muitas centenas, senão milhares de indivíduos. Não admira, assim, que tudo o que, com certo relevo, existisse e fosse ocorrendo nas Ilhas Britânicas, tivesse o seu eco em Lisboa, ao menos entre os seus naturais. Liam-se em Portugal, com pouca diferença de tempo, os periódicos ingleses, importavam-se edições de Inglaterra, copiavam-se as suas modas, usos e costumes. E dado que, mau-grado os típicos nacionalismo e exclusivismo dos Ingleses, a colónia britânica não constituía nenhum «ghetto», abrindo-se em amplos contactos com os indígenas, muito de tudo isso repercutia-se também na gente portuguesa.
Em 1701 surgiu em Londres o primeiro dicionário Inglês-Português e Português-Inglês. Em 1731 foi publicada, também em Londres, a primeira gramática das duas línguas, seguida, vinte anos mais tarde, por novo texto gramatical, aparentemente devido a autor português. Apareceram igualmente, embora pouco a pouco, traduções e adaptações de autores ingleses, ao lado de compras crescentes de livros em inglês dos mais variados géneros. É verdade que, em termos culturais, a influência britânica estava abaixo da italiana, já sem falar da francesa, que de longe a todas sobrelevava. Mas os autores ingleses e o idioma inglês começavam a ser conhecidos em Portugal, acompanhando, por muito distanciados que estivessem, o peso económico e político que a Inglaterra aí exercia.
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Por tudo o que ficou dito, não é de estranhar que a estruturação da Maçonaria em Londres e em toda a Grã-Bretanha, a partir de 1717, pudesse ser conhecida em Portugal, mormente em Lisboa, a pouca distância dos acontecimentos de origem. E compreende-se que a ideia de fundar uma loja maçónica entre a
colónia britânica naquela cidade constituísse fenómeno natural e lógico, a ser concretizado com brevidade. Nos finais da década de Vinte, diversos grupos de cidadãos britânicos residentes na Europa, na Ásia e na América, receberam o ideal maçónico e implantaram-no nos seus locais de trabalho. A primeira loja «estrangeira», isto é, instalada fora da Grã-Bretanha mas por ingleses e com autorização da Grande Loja de Londres, foi a de Madrid, em 1728. Recebeu o número de ordem 50, figurando já na lista oficial das lojas britânicas do ano imediato. Pela mesma data, ou até anteriormente, começaram a trabalhar as lojas inglesas de Gibraltar (nº 51), de Catcutá, (nº 72) e de Paris (nº 90). Seguiram-se, em 1731-34, as de Boston (nº 126), Hamburgo (nº 124), Valenciennes, França (nº 127), Haia (nº 131) ... Estas eram, porém, as lojas «oficiais» ou «regulares», instaladas com permissão da Grande Loja de Londres». In A. H. Oliveira Marques, História da Maçonaria em Portugal, das Origens ao Triunfo, Editorial Presença, 1990, Depósito legal nº 34986/90.
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